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Naturalmente rebeldes, jovens agora desafiam a hegemonia dos EUA ao redor do mundo, dizem analistas
Naturalmente rebeldes, jovens agora desafiam a hegemonia dos EUA ao redor do mundo, dizem analistas
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Nas universidades norte-americanas e ao redor do mundo, protestos ecoam contra a guerra em Gaza e contra o intervencionismo dos Estados Unidos. Formados em sua... 15.05.2024, Sputnik Brasil
2024-05-15T18:09-0300
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Longe da Faixa de Gaza, onde a resposta de Israel aos ataques de 7 de outubro se mostrou — pelo menos numericamente — desproporcional, estudantes norte-americanos e europeus ocuparam as universidades pedindo o fim do apoio de seus governos à administração de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense.Nos Estados Unidos, mais de mil universitários em dez estados foram presos pelo simples ato de protestar contra a guerra em Gaza. Para Eurico de Lima Figueiredo, professor do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), da Universidade Federal Fluminense (UFF), esses atos têm potencial para redesenhar a política norte-americana.Neste momento, próximo às eleições presidenciais dos EUA, o normal seria que essa faixa da população votasse no candidato do Partido Democrata e atual presidente, Joe Biden. No entanto "uma hipótese é que eles se isentem do voto nas eleições deste ano".As manifestações contra as ações estadunidenses, contudo, não se dão somente dentro dos campi universitários dos Estados Unidos. Ao redor do mundo, a juventude se movimenta contra os mandos e desmandos dos Estados Unidos e sua ordem "baseada em regras".Em diversos países africanos, como Níger, Chade, Mali e Burkina Faso, a população, em sua maioria jovem, exige a saída das tropas norte-americanas e francesas do país. Estas, por sua vez, estão sendo substituídas por soldados russos.Por que são sempre os jovens que protestam?O momento de eclosão desses protestos de juventudes ao redor do mundo não é uma novidade. Pelo contrário, ocorre ocasionalmente pela história moderna, como em 1968, quando manifestações contraculturais de grande porte e insurreições aconteceram ao redor do mundo."O maio francês veio junto com Woodstock, com guerrilhas de libertação colonial e a ascensão do poder gay", explica o psiquiatra Ricardo Krause. Nada nos modelos políticos, econômicos e ideológicos dava conta de responder às movimentações que se formavam, e os fenômenos, a princípio localizados, ganharam dimensão mundial, sublinhou.A "rebeldia" contracultural da juventude é uma fase normal do desenvolvimento do cérebro, diz o psiquiatra. É no início da puberdade que o cérebro se reorganiza e começa a alcançar a "plena capacidade do pensamento abstrato". Em termos sociais, isso se traduz na busca de novas informações e sensações. "Começa a formação do cérebro social", sintetiza Krause.O que acontecerá com a ordem norte-americana?Da mesma forma, os governos da época passam a ser contestados em massa pela população mais jovem. Em 1968 não só eclodiram o maio francês e os protestos contra a guerra norte-americana ao Vietnã, como também manifestações em países comunistas, como Tchecoslováquia e Polônia, e contra a ditadura militar brasileira.Na época, aponta Figueiredo, o mote das manifestações eram os "ideais democráticos", até mesmo naquelas que ocorriam dentro dos Estados Unidos, uma vez que os estudantes da época viam nas intervenções estadunidenses uma afronta à democracia dos países afetados.Desde então, essa ordem criada pelos Estados Unidos pós-Segunda Guerra Mundial só se intensificou e tem fortes repercussões até hoje, destaca o professor da UFF, como o desgosto que grande parte da população sente pelos EUA e pela Europa, "caudatária dos Estados Unidos".Um dos principais slogans de Donald Trump é o famoso "American First" (América em primeiro lugar), lembra Figueiredo, ou seja, que "não é de interesse dos Estados Unidos intervir em situações como a que está acontecendo em Gaza e a que está acontecendo na Ucrânia".Ou seja, ao possivelmente se recusarem a participar das eleições, esses jovens poderiam acelerar a consolidação de uma ordem mundial multipolar, na qual o presidente dos Estados Unidos não mais poderá ditar a política mundial de seu trono na Casa Branca, devendo esta ser debatida através de instrumentos verdadeiramente multilaterais, como fóruns e organizações supracionais.
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Naturalmente rebeldes, jovens agora desafiam a hegemonia dos EUA ao redor do mundo, dizem analistas
18:09 15.05.2024 (atualizado: 14:09 16.05.2024) Especiais
Nas universidades norte-americanas e ao redor do mundo, protestos ecoam contra a guerra em Gaza e contra o intervencionismo dos Estados Unidos. Formados em sua maioria por jovens, esses manifestantes criam riscos para a ordem discursiva liberal estadunidense?
Longe da Faixa de Gaza, onde a resposta de Israel aos ataques de 7 de outubro se mostrou — pelo menos numericamente — desproporcional, estudantes norte-americanos e europeus ocuparam as universidades pedindo o fim do apoio de seus governos à administração de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense.
Nos Estados Unidos,
mais de mil universitários em dez estados foram presos pelo simples ato de protestar contra a guerra em Gaza. Para
Eurico de Lima Figueiredo, professor do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), da Universidade Federal Fluminense (UFF), esses atos têm potencial para redesenhar a política norte-americana.
Neste momento, próximo às eleições presidenciais dos EUA, o normal seria que essa faixa da população votasse no candidato do Partido Democrata e atual presidente, Joe Biden. No entanto "uma hipótese é que eles se isentem do voto nas eleições deste ano".
"E, portanto, fortaleceriam a votação em [Donald] Trump [ex-presidente e candidato republicano], que, se supõe, será contrário também à posição dos Estados Unidos em Gaza."
As manifestações contra as ações estadunidenses, contudo, não se dão somente dentro dos campi universitários dos Estados Unidos. Ao redor do mundo, a juventude se movimenta contra os mandos e desmandos dos Estados Unidos e sua ordem "baseada em regras".
Em diversos países africanos, como
Níger, Chade, Mali e Burkina Faso, a população, em sua maioria jovem, exige a saída das tropas norte-americanas e francesas do país. Estas, por sua vez,
estão sendo substituídas por soldados russos.
Por que são sempre os jovens que protestam?
O momento de eclosão desses protestos de juventudes ao redor do mundo não é uma novidade. Pelo contrário, ocorre ocasionalmente pela história moderna, como em 1968, quando manifestações contraculturais de grande porte e insurreições aconteceram ao redor do mundo.
"O maio francês veio junto com Woodstock, com guerrilhas de libertação colonial e a ascensão do poder gay", explica o psiquiatra Ricardo Krause. Nada nos modelos políticos, econômicos e ideológicos dava conta de responder às movimentações que se formavam, e os fenômenos, a princípio localizados, ganharam dimensão mundial, sublinhou.
A "rebeldia" contracultural da juventude é uma fase normal do desenvolvimento do cérebro, diz o psiquiatra. É no início da puberdade que o cérebro se reorganiza e começa a alcançar a "plena capacidade do pensamento abstrato". Em termos sociais, isso se traduz na busca de novas informações e sensações. "Começa a formação do cérebro social", sintetiza Krause.
"Os adolescentes se opõem ativamente e sistematicamente a tudo e a todos, principalmente às figuras de autoridade do pai e da mãe."
O que acontecerá com a ordem norte-americana?
Da mesma forma, os governos da época passam a ser contestados em massa pela população mais jovem. Em 1968 não só eclodiram o maio francês e os protestos contra a guerra norte-americana ao Vietnã, como também manifestações em países comunistas, como Tchecoslováquia e Polônia, e contra a ditadura militar brasileira.
Na época, aponta Figueiredo, o mote das manifestações eram os "ideais democráticos", até mesmo naquelas que ocorriam dentro dos Estados Unidos, uma vez que os estudantes da época viam nas intervenções estadunidenses uma afronta à democracia dos países afetados.
"Em nome da democracia, aqueles jovens daquela época protestaram contra a intervenção norte-americana e dos países ocidentais."
Desde então, essa
ordem criada pelos Estados Unidos pós-Segunda Guerra Mundial só se intensificou e tem fortes repercussões até hoje, destaca o professor da UFF, como o desgosto que grande parte da população sente pelos EUA e pela Europa,
"caudatária dos Estados Unidos".
Um dos principais slogans de Donald Trump é o famoso "American First" (América em primeiro lugar), lembra Figueiredo, ou seja, que "não é de interesse dos Estados Unidos intervir em situações como a que está acontecendo em Gaza e a que está acontecendo na Ucrânia".
Ou seja, ao possivelmente se recusarem a participar das eleições, esses jovens poderiam acelerar a consolidação de uma ordem mundial multipolar, na qual o presidente dos Estados Unidos não mais poderá ditar a política mundial de seu trono na Casa Branca, devendo esta ser debatida através de instrumentos verdadeiramente multilaterais, como fóruns e organizações supracionais.
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