Muitos governos europeus não reverteram totalmente as medidas de apoio introduzidas para proteger os consumidores e as empresas do impacto econômico da pandemia de COVID-19, ou as que buscaram mitigar o choque nos preços da energia causados pelas sanções ocidentais à energia russa em alinhamento aos EUA e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e seu conflito por procuração na Ucrânia. Segundo a autoridade monetária da zona do euro, a falta de soluções para estas questões poderia aumentar ainda mais os custos para o crédito.
Apesar de notar que os riscos para o sistema financeiro reduziram no que tange o endividamento familiar, o BCE afirmou que a dívida soberana dos Estados-membros do bloco provavelmente vá permanecer elevada graças às "políticas fiscais frouxas".
De acordo com o Financial Times (FT), embora seja esperado que a atividade econômica se recupere nos próximos anos, apoiada por mercados de trabalho resilientes, uma inflação mais baixa e cortes esperados nas taxas de juros por parte do BCE — já a partir do próximo mês, existem "desafios estruturais [...] que continuam a representar um entrave à produtividade e ao crescimento".
O alerta do BCE surgiu depois de a União Europeia (UE) ter publicado previsões econômicas atualizadas, nas quais estimava que o endividamento líquido dos governos da zona do euro diminuiria de 3,6% do PIB no ano passado para 3% neste ano e 2,8% em 2025. Entretanto, espera que a dívida pública global permaneça acima dos níveis pré-pandemia, em 90% do PIB em todo o bloco, em 2024, e depois aumente ligeiramente no próximo ano.
Ainda em tom de alerta, o BCE afirmou que "os riscos de derrapagem fiscal à luz de uma agenda eleitoral ocupada em 2024-2025 – tanto a nível nacional como da UE – ou incertezas em torno da implementação exata do novo quadro fiscal da UE podem levar os participantes do mercado a reprecificar o risco soberano".
O BCE define a política monetária para os 20 Estados-membros da zona do euro e supervisiona os maiores credores do bloco monetário e afirmou, em seu último relatório semestral, que o sistema bancário da zona do euro estava "bem equipado para enfrentar esses riscos, dadas as fortes posições de capital e liquidez", mas que "reservas de caixa insuficientes" poderiam levar a "vendas forçadas de ativos".