A visita do presidente russo Vladimir Putin à China reforçou o movimento em direção à criação de um centro de poder na política mundial, e a capacidade dos EUA de influenciarem o mundo em meio a uma alternativa mais atraente está reduzindo, apontam especialistas árabes à Sputnik.
"No Conselho de Segurança da ONU, os americanos têm usado o veto ao longo da história contra qualquer coisa que interfira em sua hegemonia no mundo. Eles usaram o veto contra a maioria das resoluções árabes, que, em sua maioria, sempre foram apoiadas pela Rússia", disse o economista libanês Imad Akoush.
Ele disse que os EUA impedem a cooperação regional com a Rússia e a China, incluindo a implementação da iniciativa chinesa Um Cinturão, Uma Rota, que poderia levar a crescimento econômico para os países árabes, e o acesso à energia barata russa. Além disso, Washington alimenta a crise ucraniana, "o que cortou os laços entre a Rússia e a Europa".
O cientista político argelino Nabil Kaloush destacou também que a Rússia representa uma importante força militar e geopolítica para os países árabes.
"As relações russo-árabes estão caminhando para um desenvolvimento sem precedentes que incluirá os setores de energia, tecnologia, defesa e cultura. A abertura da Rússia ao mundo islâmico facilitará sua aproximação com os países árabes."
"Esse não é o caso da China. Sua peculiaridade é que, após a aproximação econômica, os cidadãos chineses se estabelecem no país com o qual cooperam como um grupo fechado separado. Essa ação da China pode causar alguma preocupação entre os árabes como uma espécie de invasão. A Rússia não faz isso", explica Kaloush.
Enquanto isso, o especialista estratégico Mohammed Saeed al-Raz argumentou que "os países do BRICS", com seu modelo de integração e desenvolvimento econômicos, e o princípio de não interferência, "destruíram o sistema unipolar americano".
"Os EUA estão deliberadamente impedindo a unificação dos países árabes. [Os EUA] são os principais parceiros no atual genocídio dos palestinos em Gaza. Eles precisam dessa guerra para realizar seus próprios interesses coloniais", acrescentou o especialista.