A AEB é uma autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável pelo programa espacial do Brasil.
"Com todo respeito ao ministério, a agência está sublocalizada. Em países equivalentes ao nosso, hoje suas agências estão ligadas à Presidência. Na Índia, por exemplo, o orçamento é muito maior que o nosso", disse ele durante apresentação.
Nardin comentou que tornar o instituto menos acadêmico e produzir mais projetos estão entre as metas de sua gestão. Ele afirma que o próximo satélite feito pelo INPE elevará padrões e tornará o Brasil um dos poucos países que possuem tal tipo de tecnologia.
"Fizemos um plano de desenvolvimento, transformando o INPE, uma instituição que é bastante acadêmica, em uma instituição que é um ICT [Instituto de Ciência e Tecnologia], voltada para projetos."
Ele defende que é preciso ter força política dentro do setor espacial para que ele progrida. Além disso, que haja uma participação civil, dedicando os fins não apenas para o âmbito militar. "A defesa é muito boicotada quando tenta importar qualquer peça. O mercado espacial é extremamente restrito e extremamente fechado."
"Precisamos dar governança adequada à AEB. O setor espacial não é um setor econômico apartado, ele é parte da infraestrutura nacional", ressalta, exemplificando que o INPE tem entregado informações para diferentes órgãos durante a crise no Rio Grande do Sul.
O diretor destaca, inclusive, que conflitos ao redor do mundo influenciam diretamente no programa espacial. "Hoje para o INPE, que é civil, importar peça, eu tenho que assinar acordo de confidencialidade. Se para mim, que sou civil, é difícil, imagina para esses caras que estão tentando fazer um artefato que é dual e que pode ser usado para a defesa."
O brigadeiro do ar Rodrigo Alvim de Oliveira explica que o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) é um conjunto de atividades civis e militares, incluindo instituições acadêmicas, que não é formalizado totalmente enquanto um programa espacial, como ocorre com outros países.
O vice-presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Jadir Gonçalves, destaca o crescimento da participação da indústria brasileira no setor espacial brasileiro desde a década de 1980, contando com apoio vital do INPE para fabricar equipamentos. Ele também defende que haja um equilíbrio entre as participações privadas e públicas no segmento.