Conforme o ministro, a decisão partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que considerou insuficiente a velocidade dos investimentos da companhia brasileira no país. O clima entre Lula e Prates estava desgastado desde o episódio de distribuição dos dividendos da Petrobras.
Além disso, Silveira declarou que não influenciou a decisão, assim como o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Em carta divulgada aos diretores da Petrobras sobre a demissão, o ex-presidente da empresa fez uma citação aos dois nomes.
"Tentaram personificar em mim e no ministro Rui. Isso absolutamente não aconteceu […]. O presidente Lula, com 78 anos de idade, não pode ser constrangido por nenhum de nós [do governo]. Todos nós temos que nos orgulhar e aprender com ele sobre respeito à democracia", afirmou a jornalistas que estavam na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, em declaração repercutida pelo jornal Estadão.
O ministro acompanhava no local o embarque de eletricistas que ajudarão a reconstruir o Rio Grande do Sul. A afirmação de Silveira aponta para o descumprimento, por parte de Jean Paul Prates, da determinação do presidente Lula para que conselheiros do governo na Petrobras votassem contra a distribuição dos dividendos extraordinários de 2023.
Prates foi demitido na última semana
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, demitido na última semana do comando da companhia, será substituído por Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff (2011–2016). Desde o fim de março, a Petrobras enfrenta grande turbulência política.
Uma das situações que levou ao agravamento da questão foi justamente a determinação do governo de que representantes no conselho da companhia votassem contra o pagamento de dividendos extraordinários. Porém, Prates se absteve, gerando mal-estar no Palácio do Planalto, de acordo com a mídia brasileira.
Em abril, o presidente Lula chegou a convidar o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, para assumir o comando da estatal. O apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a Prates o manteve no cargo.
Na mensagem de despedida que enviou aos diretores da Petrobras, Jean Paul Prates afirmou que sua "missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa".