Ele citou a Índia como exemplo de nação que, apesar de dificuldades em sua infraestrutura, é um dos países que tem ampliado o orçamento do setor.
Segundo ele, em todo o planeta, a maior parte dos investimentos no âmbito espacial se origina de fundos públicos.
"O Brasil, a despeito de ter um dos programas espaciais mais antigos do mundo, ficou para trás", disse, mencionando que países como a Turquia ou a Argentina — que criaram seus programas espaciais posteriormente — superaram os brasileiros em investimento.
Além disso, Shidara destaca a cooperação internacional como um dos fatores para ampliar o programa espacial brasileiro. "É preciso parcerias sólidas. […] Temos condições de levar o setor espacial ao mesmo nível de respeitabilidade que a Aeronáutica brasileira tem no mundo."
O coordenador-geral de Tecnologias Estratégicas do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações (MCTI), Jean Robert, destacou o investimento na área espacial por parte das principais potências mundiais e comparou com o orçamento brasileiro.
Ele também participou do 4º Fórum SpaceBR Show, maior feira espacial da América Latina, que ocorre anualmente na capital paulista. A edição conta com a parceria da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da MundoGEO.
Os Estados Unidos, por exemplo, tiveram orçamento definido para este ano em US$ 24,9 bilhões (R$ 128,47 bilhões), ainda que toda a cadeia produtiva gire em torno de US$ 100 bilhões (R$ 515,94 bilhões).
A China, segundo ele, teve orçamento anual de US$ 11,94 bilhões (R$ 61,6 bilhões) em 2022. A Rússia, apesar de uma queda nos últimos anos, conforme Robert, registrou orçamento avaliado em US$ 2,88 bilhões (R$ 14,86 bilhões) em 2022.
A Índia, disse ele, contabilizou US$ 1,6 bilhão (R$ 8,26 bilhões) em sua agência espacial. "A Índia hoje está na moda, pois recentemente eles pousaram na Lua e estão sendo o foco das missões espaciais."
"As últimas informações levam a crer que eles vão ter um acréscimo, graças ao sucesso que alcançaram nessa nova aventura na Lua."
Na comparação, o orçamento total do MCTI para este ano é de R$ 19,07 bilhões, sendo que a fatia para a AEB é de R$ 135 milhões.
O gerente do Setor Aeroespacial e Defesa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), José Henrique Pereira, afirmou que entre 2023 e 2024 foram investidos pelo órgão cerca de R$ 370 milhões apenas em projetos de satélites, e que a entidade apoia empresas e Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs).
Ainda assim, ele destaca que a entidade investe em projetos de diversas áreas, para além da espacial, e que quanto maior o grau de inovação, menores serão as taxas e maiores os prazos.