Embora os crimes não tenham relação com a morte de Marielle, os indícios foram descobertos durante as investigações sobre o crime, como de lavagem de dinheiro.
De acordo com a PF, Chiquinho Brazão, deputado federal pelo Rio (sem partido), desviou emendas parlamentares para uma empresa pertencente à filha de um assessor, Robson Calixto Fonseca. Muitos dos indícios foram encontrados no celular apreendido do deputado, envolvendo inclusive a suspeita de grilagem de terrenos.
Também foi pedida abertura de inquérito para apurar crimes contra a administração pública por Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa, e a posse ilegal de uma arma de uso restrito por um assessor de Domingos.
A PF também solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra Chiquinho e o ex-deputado e comunicador Pedro Augusto Palareti pelos supostos desvios de emendas parlamentares.
"Há indícios veementes da suposta destinação de verbas oriundas de emendas parlamentares, notadamente dos deputados federais Pedro Augusto e Chiquinho Brazão, para fins de obtenção de vantagens indevidas", afirma o relatório da PF enviado à Corte.
Brazão alega inocência
Em abril, Chiquinho Brazão se defendeu dizendo ser inocente. A declaração foi dada durante uma reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que julga a cassação do seu mandato. Ele teve a prisão preventiva mantida em votação na Casa — a Constituição prevê que a prisão de deputados federais em exercício de mandato deve passar pelo crivo da Câmara.
Investigações da PF
No fim de março, a Polícia Federal apresentou a conclusão das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco em um relatório de quase 480 páginas. Com forte atuação na região de Jacarepaguá, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Domingos e Chiquinho Brazão teriam encomendado a morte por conta da oposição de Marielle a um projeto de lei na Câmara do Rio que autorizava a expansão imobiliária na área controlada pela milícia, à qual os dois estariam ligados.
Além dos irmãos, Rivaldo Barbosa foi acusado de ter atuado na Polícia Civil para evitar que o crime fosse esclarecido e ainda proteger a família Brazão. As investigações foram concluídas após a delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, que foi o responsável por executar os assassinatos.
A inteligência da polícia indicava que eles já estavam em alerta dias antes da operação, após o Supremo ter homologado a delação premiada de Lessa, preso desde 2019.
Segundo Lessa, os mandantes do crime integram um grupo político poderoso no Rio de Janeiro com interesses em diversos setores do estado. Em sua delação, o assassino da vereadora deu detalhes de encontros com os supostos mandantes e ofereceu indícios sobre as motivações.