Convocado em repúdio a um gesto que o governo brasileiro considerou inaceitável — quando o chanceler israelense, Israel Katz, submeteu o embaixador brasileiro Frederico Meyer a um sermão público no Museu do Holocausto, em Jerusalém —, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, disse que provavelmente Meyer não voltará ao posto.
"Não havia alternativa. Nosso embaixador foi humilhado. Acho que ele não volta. Se vai outro eu não sei, mas ele não volta. Ele foi humilhado pessoalmente e, com isso, o Brasil é que foi humilhado. A intenção foi humilhar o Brasil", afirmou Amorim nesta sexta-feira (24) à coluna de Marcelo Ninio no jornal O Globo.
Amorim está em Pequim, capital da China, onde cumpre agenda oficial.
O governo brasileiro criticou a resposta militar israelense na Faixa de Gaza, iniciada em 7 de outubro após os ataques do Hamas. O estopim da crise foi a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante viagem à Etiópia, quando comparou a ação militar de Israel ao extermínio de judeus promovido pela Alemanha nazista.
O que Lula disse na ocasião é que o que ocorre em Gaza com o povo palestino não era comparável a nenhum outro momento histórico, exceto "quando Hitler resolveu matar os judeus" durante a Segunda Guerra Mundial, relembrou o colunista.
A declaração provocou forte repúdio na opinião pública de Israel e levou o governo do país a romper o protocolo. Em vez de convidar o embaixador do Brasil para um protesto em privado no ministério, como costuma ocorrer pelas normas da diplomacia, Katz convocou Meyer para uma reunião pública com mídia no Museu do Holocausto.