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Brasil defende paz em conflitos, mas condena 'reação desproporcional' de Israel, diz chanceler

© Foto / Agência Brasil / Lula MarquesMinistro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, durante discurso no Senado Federal. Brasília, 14 de março de 2024
Ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, durante discurso no Senado Federal. Brasília, 14 de março de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 14.03.2024
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Durante sessão nesta quinta-feira (14) no Senado Federal, o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil defende que haja solução de paz no conflito entre Israel e Palestina, mas entende que os israelenses tiveram uma "reação desproporcional".

"É um cenário desolador", definiu ele sobre a situação na Faixa de Gaza.

O chanceler disse que fica claro que "a reação de Israel tem sido desproporcional" e que as ações das Forças de Defesa de Israel (FDI) têm como alvo não apenas os responsáveis pelo ataque, mas todo o povo palestino.

"É preciso condenar e repudiar as atrocidades do ataque terrorista sofrido por Israel no dia 7 de outubro. Sim, Israel tem o direito de defender sua população, mas isso tem de ser feito dentro das regras do direito internacional."

A fala do chanceler abriu sua participação na audiência da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a convite do presidente da Comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
O pedido foi feito após a repercussão da declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o conflito, quando associou os ataques de Israel à Faixa de Gaza ao Holocausto contra os judeus.
O governo de Israel reagiu e declarou o presidente brasileiro persona non grata no país e deu reprimenda ao embaixador Frederico Meyer.
Questionado pelos parlamentares sobre a proporção do ocorrido, o ministro ressaltou que as palavras do presidente "expressam a sinceridade de quem busca preservar e valorizar a vida humana", e que o país não volta atrás sobre seu posicionamento.
"Tal como ressaltado pelo governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas [ONU], trata-se de punição coletiva. Essa atitude é absolutamente contrária aos princípios mais básicos de direito internacional humanitário e deve ser condenada."
O chanceler também destacou a dificuldade estabelecida por Israel para a entrada de ajuda humanitária em Gaza e fez um balanço das ações do governo brasileiro no conflito, como a repatriação de 1,5 mil brasileiros que estavam em Gaza.
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Conflito na Ucrânia

O chanceler brasileiro afirmou que o país mantém um "canal aberto com Kiev e Moscou", ressaltando o papel brasileiro em encontros com líderes da Ucrânia e Rússia em busca de uma solução de paz.
"Nós nos posicionamos em favor da paz, do diálogo e da diplomacia. Trata-se de criar um espaço para a negociação que leva em conta as legítimas preocupações de segurança em ambas as partes", prosseguiu durante a sessão no Senado Federal, em Brasília (DF).

"O risco geopolítico crescente agravado pelas sanções econômicas unilaterais e ilegais levou o mundo a uma escalada inflacionária que não se via há décadas, com forte impacto na segurança alimentar e energética."

Vieira ressaltou que já houve diversas reuniões para negociar a paz, mas que havia apenas um lado presente.

"Não é um diálogo, é um monólogo. Para que haja um entendimento, é preciso sempre que os dois lados estejam presentes."

Democracias ocidentais e nova ordem mundial

O senador Sergio Moro (União-PR) afirmou que o Brasil não tem uma posição próxima ao que define como "democracias ocidentais" e que não há apoio à candidatura da ultraliberal venezuelana María Corina Machado, que teve sua candidatura invalidada, bem como à boliviana Jeanine Áñez, presa por golpe de Estado em 2019.
Em relação a tais questionamentos, o chanceler defendeu que o Brasil tem diálogo de forma multilateral e busca a solução pacífica de todos os conflitos, incluindo o posicionamento diplomático na disputa por Essequibo.
Vieira ressaltou a importância das relações com a Venezuela, que divide fronteiras com o estado de Roraima, e que há cerca de 25 mil brasileiros em solo venezuelano.
Ele afirmou que, mesmo com problemas de pagamentos provocados por sanções ocidentais, as duas nações têm um importante comércio.
O chanceler afirmou que o Brasil apoia que haja eleições justas e transparentes, mas ressaltou que "não podemos e devemos interferir internamente num país, como nunca fizemos. Nós não dizemos, ensinamos a ninguém o que devemos fazer."
Ele também afirmou que a ex-presidente boliviana Áñez foi presa justamente por ter sido contrária ao rito democrático no país sul-americano.
Por fim, o ministro também ressaltou que o Brasil defenderá um acordo com o Paraguai para o Anexo C, da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, para que haja energia barata e sustentável para ambos os países.
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