As respostas mais indignadas vieram de nações do Sul Global, com membros da Liga Árabe e países como Brasil e Colômbia denunciando que o ataque foi um flagrante desrespeito à decisão da semana passada do Tribunal Internacional de Justiça, que pediu a Israel que cessasse as operações na cidade palestina.
"Faremos tudo o que for possível para responsabilizar esses bárbaros e assassinos", disse o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que adotou um tom cada vez mais contundente após anunciar que interromperia todo o comércio com Tel Aviv no início deste mês.
Os países ocidentais estão divididos em sua resposta, com o presidente francês Emmanuel Macron afirmando estar "indignado" com o incidente, mas o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, expressando confiança na investigação de Israel sobre o "erro".
"Temos que lembrar que esta área, Rafah em Gaza, é onde os palestinos foram informados que estariam seguros. Então, estão superlotados de uma maneira inacreditável. Como 800 mil pessoas em Rafah sozinhas. Triplicou ou quadruplicou de seu tamanho original", observou o jornalista Robert Fantina à Sputnik.
"Eles estão sem comida, água, medicação, instalações sanitárias, e supostamente estariam seguros lá. Então, com as FDI [Forças de Defesa de Israel] dizendo, 'oh, isso foi um erro, deveríamos ter atingido o ponto A e um incêndio aconteceu no ponto B' – bem, quando você tem dezenas de milhares de tendas e pessoas amontoadas na área mais densamente povoada do mundo e então começa a bombardear, muitas pessoas inocentes vão morrer – homens, mulheres e crianças", acrescentou.
O presidente dos EUA, Joe Biden, havia sugerido anteriormente que uma invasão israelense de Rafah constituiria uma "linha vermelha". A Casa Branca suspendeu brevemente a provisão de algumas bombas pesadas para o país no início deste mês por suposta preocupação com baixas civis em massa.
Mas o presidente aparentemente mudou de curso uma semana depois, anunciando um novo pacote de armas de US$ 1,25 bilhão (R$ 6,45 bilhões) para Israel após críticas de membros do Congresso.
Enquanto isso, a população teve acesso às imagens da cena infernal que surgiu após o ataque de Israel no último domingo (26), enquanto um incêndio devastava o acampamento de tendas.
"As cenas de Rafah durante a noite são horríveis", escreveu o comentarista britânico Piers Morgan, que tem apoiado consistentemente Israel em sua operação de sete meses em Gaza. "Eu defendi o direito de Israel de se defender após o dia 7 de outubro, mas massacrar tantas pessoas inocentes enquanto se abrigam em um campo de refugiados é indefensável. Pare isso agora", declarou.
"Estamos vendo essas imagens horríveis de bebês queimados e decapitados. Estas não são coisas que acontecem por acidente", disse Fantina.
"Eles continuam a campanha de bombardeio, dizem que vão investigar isso. E você tem que lembrar, eles sempre investigam seus próprios crimes e concluem que não são culpados. Isso não é mais aceitável no cenário internacional. Foi por muito tempo porque os Estados Unidos permitiram, habilitaram, mas esses dias, eu acho, se foram", afirmou.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu chamou o incidente de "erro trágico", dizendo que uma "munição de precisão" incendiou um tanque de combustível no acampamento palestino.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, criticou o ataque. "Condeno as ações de Israel que mataram dezenas de civis inocentes que estavam apenas buscando abrigo deste conflito mortal", finalizou.