O conflito ucraniano revelou a importância da defesa aérea como uma ferramenta fundamental para a implementação de estratégias de dissuasão militar.
Segundo fontes ouvidas pelo Financial Times (FT), os Estados-membros da OTAN são capazes de fornecer menos de 5% das capacidades de defesa aérea consideradas necessárias para proteger os seus membros na Europa Central e no Leste Europeu contra um ataque em grande escala, razão pela qual, o tema da próxima cúpula da OTAN, em julho, deve se concentrar nesta vulnerabilidade da aliança.
Nesta quinta-feira (30), os ministros das Relações Exteriores da Aliança Atlântica estão reunidos em Praga, já preparando detalhes para a cúpula de julho, ao iniciar uma revisão dos planos de defesa estabelecidos no ano passado.
Após décadas de cortes no orçamento militar, e uma profunda dependência dos EUA, os membros europeus da aliança estão preocupados com o esforço de guerra frustrado que empenham na Ucrânia ante o arsenal de mísseis, drones e bombas planadoras da Rússia.
"[A defesa aérea] é uma das maiores lacunas que temos", disse um diplomata da OTAN à apuração do FT. "Não podemos negar."
Após o fracasso dos Estados-membros europeus da aliança no conflito ucraniano, a Alemanha lançou a Iniciativa Europeia de Escudo do Céu (ESSI, na sigla em inglês) com mais de uma dúzia de outros países da União Europeia (UE) para desenvolver um sistema de defesa aérea partilhado utilizando tecnologia desenvolvida pelos EUA e por Israel, porém sem consenso.
França, Polônia e Grécia possuem abordagens diferentes da alemã sobre como resolver a deficiência europeia e, segundo a mídia, a proposta grega e polonesa de financiamento de um sistema pan-europeu de defesa aérea tem sido a mais bem aceita pela presidente da comissão, Ursula von der Leyen, que declarou seu apoio.
Enquanto algumas capitais da UE sugeriram aumentar a dívida comum para financiar projetos de defesa, os drones de ataque baratos e de longo alcance, como os utilizados pela Rússia, agravam as preocupações do bloco militar.
De acordo com autoridades ouvidas pelo FT, os membros da OTAN têm tão poucos sistemas de defesa aérea disponíveis que a sua capacidade de implantar mais sistemas para além dos seus próprios territórios é severamente limitada, o que justifica a ideia de compensar a lacuna existente com a criação e uma malha de sensores e interceptadores em todo o continente.