Panorama internacional

'Precursores de ataque nuclear': analista militar dos EUA sobre ataques de longo alcance ucranianos

A luz verde dada pelos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o uso de sistemas de ataque de longo alcance pela Ucrânia coloca todo o planeta em uma situação "chocantemente" perigosa, afirma a ex-analista do departamento de Estado e tenente-coronel da Força Aérea dos EUA, Karen Kwiatkowski, à Sputnik.
Sputnik
O jornal The Wall Street Journal informou, citando autoridades, que Washington deu luz verde ao uso pela Ucrânia de foguetes do Sistema de Foguetes de Lançamento Múltiplo Guiado (GMLRS, em inglês) e do Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS, em inglês), bem como de artilharia de longo alcance para ataques em território russo.
Anteriormente, outros membros da OTAN, incluindo a Grã-Bretanha e a França — que enviaram mísseis de cruzeiro Storm Shadow/SCALP de longo alcance para a Ucrânia, também acenaram para Kiev usar essas armas para disparar contra posições no interior da Rússia em meio à lenta retirada das forças ucranianas na região da Carcóvia.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, consciente ou inconscientemente, aproximou o mundo de um conflito nuclear depois de dar ouvidos a "conselheiros neoconservadores que não têm muita perspectiva sobre os perigos nucleares que estão enfrentando", em vez de militares especialistas, afirmou Kwiatkowski à Sputnik.
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"O grande problema é que os drones de Kiev já atacaram os sistemas de alerta precoce russos, concebidos como parte de sua defesa nuclear. Não creio que os tenham danificado, mas isso foi feito", disse a analista.
"Se armas americanas mais pesadas forem usadas contra esses alvos, isso seria visto pela Rússia como um precursor de um primeiro ataque: nuclear."

"Quando você atinge os radares de defesa nuclear de alguém, seus 'olhos', seus sistemas defensivos, em uma estratégia de guerra normal, você está preparando um campo de batalha", explicou.

"Não sei se os conselheiros de Biden em Washington realmente têm noção disso, porque não há militares lá em cima que estejam conversando com Biden sobre isso. É uma situação muito perigosa."
Biden provavelmente se sente encurralado, tentando sair do atoleiro da Ucrânia e empurrar o conflito "para fora da vista do público", acredita Kwiatkowski. Mas isso só tornará a situação "muito pior" ao expandir a geografia do conflito.
"Ele está respondendo e seguindo um manual neoconservador, que é um manual que quer a guerra", alertou a analista.
Kwiatkowski lembrou que a Rússia e os EUA têm as suas próprias doutrinas relativas ao uso de armas nucleares, e os conselheiros de Biden devem estar cientes desse conteúdo.
A doutrina nuclear da Rússia proíbe realizar o primeiro ataque nuclear, mas permite o uso dessas armas em retaliação a um ataque que utilize armas de destruição maciça, ou a um ataque convencional tão grave que coloque em risco a existência do Estado.

"Se [os conselheiros de Biden] estão tentando caminhar pela linha tênue e dizem 'ah, não, podemos fazer isso, e isso não iniciará o uso da doutrina estratégica de defesa nuclear pela Rússia', não sei como explicar isso. É chocante e assustador."

A ameaça é ainda agravada pela total falta de capacidades convencionais da Europa para combater a Rússia se o conflito na Ucrânia se transformar numa guerra total entre a Rússia e a OTAN, o que novamente se torna "um passo para um conflito direto que se tornará nuclear quase que instantaneamente".
Segundo a analista, isso torna claro que a OTAN não tem um caminho viável para a vitória ucraniana.
"Não existe caminho para essa possibilidade. Caso o conflito se torne nuclear […], então não haverá uma Ucrânia. Portanto, é muito incoerente que empurremos para um conflito nuclear, que é claramente o que estamos fazendo e, depois, digamos, queremos um plano para a vitória da Ucrânia, ou seja, um governo ucraniano coeso com um território coeso."
"Essas duas coisas são incompatíveis entre si, o que me diz que os Estados Unidos e Biden não compreendem as ramificações do que fizeram ao permitir que esses tipos de armas fossem usados ​​pelos ucranianos."
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