"O Brasil não tem mecanismos similares com outros países, o que já sugere a importância dessa comissão e dos debates que são realizados ali, que tem justamente nos vice-presidentes o papel de liderança nessa comissão", pontua Ungaretti.
"O Brasil e o governo brasileiro têm uma agenda que é bastante cara a esse governo, que é a da reindustrialização, ou uma nova industrialização em bases sustentáveis. E acredito que o governo brasileiro vê na China um parceiro importante para a atração de investimentos na indústria, para a internalização de determinados segmentos produtivos, como no caso dos carros elétricos, que os chineses têm uma liderança bastante notável", pondera à reportagem.
O Brasil e a Nova Rota da Seda
"A Nova Rota da Seda é um slogan, é uma ideia de força. Não é necessariamente um projeto de oposição à OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] ou oposição à OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], nada disso. […] É um arranjo, […] uma geometria de poder mais frouxa ou menos vinculativa e, para mim, representa muito mais um compartilhamento, não de princípios do Brasil e da China, como em desenvolvimento, essa coisa do Sul Global", explica à reportagem.
Acelerar o crescimento no Brasil
"Essa tentativa do Brasil de conseguir mais investimentos diversificados e […] de conseguir mais investimentos em infraestrutura para financiar um novo PAC, em grande medida, […] é justamente também uma tentativa do Brasil de se industrializar e tentar subir nas cadeias globais de valor para que, num futuro próximo, espero, nós possamos exportar maiores produtos com valor agregado, tecnológicos, voltados à economia verde, que será de grande valia, em um futuro não muito distante", analisa.