"É uma grande oportunidade para o México devido à afinidade política que existe com vários países. Nesse sentido, [Sheinbaum] pode ajudar a recuperar a liderança regional que o México já teve na América Latina", diz Adriana Estefany Carbajal, professora da UNAM.
Para a professora da Faculdade de Estudos Superiores da UNAM, Rocío Méndez Bautista, a próxima presidente mexicana poderá se destacar nos encontros internacionais, especialmente naqueles em que participam nações ligadas ao pensamento progressista, como Brasil, Chile e Colômbia.
"Ela poderá ter maior aproximação e oportunidade de fortalecer os laços bilaterais com nações com posições comuns, o que se reflete nos fóruns globais."
Prova dessa oportunidade foram as felicitações que a candidata da coalizão governista Vamos Continuar Fazendo História recebeu de líderes como Gustavo Petro, Nicolás Maduro, Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros.
As áreas de maior atuação
Para Méndez Bautista, os temas nos quais Sheinbaum pode obter maior alcance e sucesso para o México tratam de iniciativas econômicas, infraestrutura, programas sociais e energéticos, tudo no interesse de incentivar o desenvolvimento da América Latina.
Da mesma forma, considera o diálogo essencial para resolver a migração irregular que prevalece na região.
"Isso poderá ter um impacto direto, especialmente nos países centro-americanos. Acredito que terá como foco a diplomacia, com soluções através do diálogo e da elaboração ou estruturação de planejamento de projetos em termos de segurança e desenvolvimento econômico, com o objetivo de deter [a migração irregular]."
Mais uma área em que Sheinbaum pode ter atuação são os fatores ambientais devido à sua formação de políticas na área de ciência e cuidado ambiental, afirma a mestre em relações internacionais pela UNAM.
"Espera-se que ela promova políticas regionais sobre alterações climáticas, energias renováveis e proteção ambiental. Ela será uma presidente ativa nesse tema."
O soft power da adversidade
Um dos desafios que a próxima presidente mexicana enfrentará é o relacionamento tenso com alguns países latino-americanos, como Equador e Argentina.
Nesse sentido, a professora de relações internacionais especifica que uma estratégia para resolver diferenças com estes e outros países pode ser o soft power. No entanto, em questões como o ataque à embaixada do México em Quito, ela não vê as relações melhorarem em breve.
"Sheinbaum condenou amplamente este acontecimento. Na época, ela expressou a sua indignação com estas ações tomadas pelo governo de [Daniel] Noboa e defende com segurança a soberania do México, o que a coloca como uma presidente de alta liderança e que, em última análise, não tem a intenção de retratar sua posição."
Em relação a Milei, Carbajal conclui que o presidente argentino continuará na mesma linha de ataques contra a nova presidente do México, como fez com López Obrador.
"Na verdade ele vai enfrentá-la ainda mais, por questões de gênero e por diferenças ideológicas, que se aproveita para ter confrontos com outros países."