No dia 5 de junho, Netanyahu disse que Israel está "preparado para uma ação extremamente poderosa no norte" contra o grupo libanês.
O premiê fez a declaração na cidade de Kiryat Shmona, na fronteira com o Líbano, onde os combates entre as Forças de Defesa de Israel (FDI) e o Hezbollah aumentaram significativamente nos últimos dias, conforme relatado pelo The Times of Israel.
Se as atuais tensões saírem do controle, poderiam "impor um pesado tributo a ambos os países neste conflito", disse Joseph Helou, professor assistente de ciência política e assuntos internacionais no Departamento de Ciências Sociais e Educacionais da Universidade Libanesa Americana.
Olhando para a dinâmica da escalada, Helou, em entrevista à Sputnik, lembrou que depois do conflito palestino-israelense ter aumentado na sequência do ataque do Hamas em outubro do ano passado, houve apenas combates militares limitados na fronteira norte.
O grupo libanês declarou que era a sua forma de oferecer uma "frente de apoio a Gaza", alegando que o grupo encerraria o combate assim que a guerra no enclave terminasse.
Depois que Israel atacou a Embaixada do Irã em Damasco, na Síria, em 1º de abril, e intensificou os ataques a aldeias no sul libanês, o Hezbollah reforçou os seus próprios ataques com drones.
Desenvolvimentos recentes mostraram que o Hezbollah possui técnicas avançadas para comandar operações através de drones fabricados no Irã, disse o acadêmico, e lembrou que "os responsáveis do Hezbollah declararam publicamente que apenas parte da sua panóplia militar foi usada até agora".
"O Hezbollah desenvolveu enormes capacidades em termos de técnicas e estratégias militares, não apenas de armamento, o que torna um conflito, entre dois atores fortes, bastante destrutivo", observou o especialista.
Não chegando a especular sobre o tipo de operações que Israel seria capaz de realizar nas regiões norte do país e nas zonas sul do Líbano, o professor sublinhou que "o aumento das capacidades de ambos os lados do conflito coloca a situação em alerta máximo, tornando muito hesitante qualquer avaliação do impacto real das operações militares".
"Esta melhoria qualitativa mudou o tipo de operações no conflito, tornando muito difícil prever o próximo episódio desta guerra em curso", analisou Helou.
Já para Shaul Bartal, tenente-coronel aposentado e pesquisador do Centro Begin-Sadat de Estudos Estratégicos da Universidade Bar-Ilan de Israel, também entrevistado pela Sputnik, afirmou que "Gaza parecerá um playground em comparação ao Líbano" se a atual escalada "resultar em uma tentativa do Irã de ajudar o Hezbollah e o Líbano".
Bartal observou que uma nova guerra regional pode "terminar na destruição de regiões inteiras em Israel, mas também na destruição colossal no Líbano e no Irã".
Atualmente, o objetivo de Israel no impasse com o Hezbollah é remover o movimento libanês da fronteira "até além do rio Litani, e até mesmo além de um alcance de 10 a 15 quilômetros"
Se houver um acordo político com o governo libanês, segundo o qual apenas seu Exército terá permissão para operar no sul do Líbano e o Hezbollah for removido da fronteira, então "a guerra no norte terminará".
No entanto, se isso não for possível, em uma nova retaliação, o Hezbollah "poderia usar os 150 mil mísseis que tem contra Israel", enquanto Tel Avive, por sua vez, causaria "enorme destruição" no Líbano.
"A única solução para a crise atual é um acordo político entre Israel e o governo libanês que mantenha o Hezbollah longe da fronteira. Um acordo cujos princípios já são conhecidos e aceitos pelas partes, mas o Hezbollah insiste em não o assinar enquanto a guerra em Gaza continuar", resumiu o especialista.
Para Joseph Helou, a solução é a criação de dois Estados: "Um Estado palestino independente, negociado com uma ampla gama de apoio internacional, poderia ajudar a trazer alguma aparência de ordem em um Oriente Médio caótico", complementou Helou.