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Israel não vencerá uma guerra aberta contra o Hezbollah; entenda por quê

© AP Photo / Hussein MallaUm combatente do Hezbollah carrega o caixão de seu camarada que foi morto por um bombardeio israelense, em 10 de outubro de 2023
Um combatente do Hezbollah carrega o caixão de seu camarada que foi morto por um bombardeio israelense, em 10 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 08.06.2024
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Em apuros, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deu a entender que tem o olho maior que a barriga — já lidando com a guerra em Gaza e os protesto dentro de seu próprios país exigindo sua demissão —, ao ameaçar expandir o conflito contra o Hezbollah no Líbano, afirmou um analista a Sputnik, explicando porque isso é uma péssima ideia.
Israel está preparado "para uma ação extremamente poderosa no norte" contra o Hezbollah, alertou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na quarta-feira (5), citando a recente escalada dramática de ataques transfronteiriços.
"Qualquer um que pense que eles podem nos prejudicar e que ficaremos de braços cruzados está redondamente enganado", declarou Netanyahu à mídia na cidade de Quriate-Chemoná, localidade no norte de Israel que foi evacuada da maior parte de sua população civil em meio aos embates.
"O Irã está tentando nos sufocar e nos cercar. Estamos lutando diretamente contra eles e seus aliados. Não podemos continuar aceitando a situação no norte. Vamos devolver os residentes às suas casas e trazer de volta a segurança", assegurou Netanyahu, referindo-se à aliança conhecida como Eixo de Resistência, liderada pelo Irã que inclui o Hezbollah no Líbano, a Síria, milícias xiitas iraquianas e os combatentes houthi do Iêmen.
A Rádio do Exército israelense informou nesta semana que o governo aprovou a convocação de mais de 50 mil reservistas em preparação para uma possível escalada com o Hezbollah.
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Mas seja quais forem as semelhanças superficiais que possam parecer existir entre o Hezbollah e o grupo militante palestino Hamas, que conseguiu atolar as Forças de Defesa de Israel (FDI) usando uma combinação de rifles, mísseis antitanque portáteis e foguetes simples montados em garagens subterrâneas, observadores políticos e militares em todo o mundo concordam que o grupo libanês é muito mais forte.
Endurecido por anos de batalhas contra os militares israelenses e com representantes terroristas patrocinados pelos EUA na Síria a partir de 2012, o Hezbollah, ao contrário do Hamas, tem acesso a uma série de mísseis e foguetes sofisticados, que observadores em Washington estimam em até 200 mil, mais do que o suficiente para sobrecarregar a poderosa rede de defesa antiaérea e antimísseis de Israel.
"Israel ameaçou iniciar uma operação militar na fronteira com o Líbano porque o Hezbollah tem demonstrado uma crescente sofisticação e capacidades surpreendentes, deixando Israel cada vez mais desconfortável e confuso sobre as expectativas na frente norte", afirmou Dr. Imad Salamey, professor associado de ciência política e assuntos internacionais na Universidade Libanesa-Americana, à Sputnik.
Israel pode atacar muitos alvos do Hezbollah de uma só vez e causar danos significativos, mas não pode remover ou mesmo reduzir drasticamente as capacidades da milícia, "que são generalizadas e móveis", observou Samaley.

"Se Israel pretende minar seriamente o Hezbollah, isso envolveria muitos anos de operações para destruir infraestruturas e armas, expulsar os combatentes do sul e cortar rotas de abastecimento da Síria. Israel não será capaz de alcançar isso plenamente."

Além disso, o acadêmico alertou que "a ameaça de repercussão é bastante elevada, potencialmente implicando grande parte da Brigada Quds na Síria e no Iraque, resultando no combate de Israel em múltiplas e amplas frentes".
Esse não é o resultado que Tel Aviv gostaria, de acordo com Salamey, com as autoridades e líderes militares israelenses normalmente buscando "uma conquista militar rápida e com objetivos ambiciosos", o que, se isso falhar, leva as FDI a recorrer a "punições coletivas contra civis, que é o cenário mais provável nesse caso".

"O conflito potencial resultará em grandes perdas para ambos os lados sem uma vitória decisiva. No entanto, o Irã provavelmente emergirá como um grande vencedor, afirmando o seu papel regional em quaisquer futuros acordos políticos."

O Hezbollah e Israel travaram sua última grande guerra entre julho e agosto de 2006, durante a qual a FDI destruiu grande parte da infraestrutura de Beirute e causou até US$ 5 bilhões (R$ 26,7 bilhões) em danos diretos e perdas produtivas.
No entanto, o Hezbollah saiu praticamente ileso, com cerca de mil dos seus combatentes enfrentando entre 10 mil a 30 mil soldados israelenses no sul do Líbano, perdendo 250 homens, matando 121 militares israelenses e ferindo mais de 1.200 outros.
Esse conflito foi descrito pelos principais analistas internacionais como uma derrota para Israel, no qual as Forças de Defesa de Israel saíram com um "nariz sangrento" e com uma mancha na reputação da qual Tel Aviv se revelou incapaz de recuperar até hoje.
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