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Amorim questiona cúpula da Ucrânia e diz que problema do Brasil não é Israel, e sim gestão Netanyahu

Em entrevista, Celso Amorim disse que o Brasil não "crescerá sua presença" na cúpula de Kiev, uma vez que o evento "se baseia no plano de Zelensky", e afirmou que as sanções contra Moscou "foram um tiro no pé". Ao mesmo tempo, criticou o governo Netanyahu em Israel: "O que está ocorrendo hoje é o pior que poderia estar acontecendo".
Sputnik
Perguntado sobre se de fato Brasília não participará da cúpula da Ucrânia com uma presença presidencial ou ministerial, Amorim respondeu que a ideia é enviar a embaixadora do Brasil na Suíça e que, "apesar dos apelos", o país não vai aumentar sua participação no evento por se tratar do "plano de Zelensky para a paz".

"A ideia é a de enviar a embaixadora do Brasil na Suíça [Cláudia Fonseca Buzzi]. Existem muitos apelos [para que o Brasil eleve sua participação], mas não acho que tem como mudar. O vício de origem é a não participação da Rússia. O programa, ainda que modificado, ele se baseia no plano de [Vladimir] Zelensky de paz. Não é assim. O Brasil não fez nada para favorecer a Rússia, mas para favorecer a paz", declarou o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República em entrevista à coluna de Jamil Chade no UOL publicada nesta quarta-feira (12).

Amorim também analisou que "o que vai ocorrer é que o Ocidente vai continuar ajudando a Ucrânia, mas não na medida necessária para evitar um avanço russo, como de fato está ocorrendo".

"[…] existia, em 2023, um momento em que parecia que a Rússia estava fragilizada, mas [Vladimir] Putin superou isso. Eu estive em São Petersburgo, e parecia Londres nos anos 1970. Os jovens nas ruas. Eu me perguntei: este país está em guerra?"

Ao mesmo tempo, o assessor especial da Presidência afirmou que as sanções contra Moscou "foram o maior tiro no pé que o Ocidente poderia dar".

"A Rússia aumentou sua autossuficiência em alimentos, que era uma área que o Brasil buscava muito. As sanções estão ajudando a formar um bloco, com China, Rússia e Índia", ponderou.

O colunista pergunta se pelas turbulências políticas no mundo, com novos tipos de governo ganhando liderança — evidenciados principalmente nas eleições europeias —, é o momento de as democracias "pensarem em algum tipo de coalização".
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Amorim responde que há um pensamento sobre isso, acrescentando que o Brasil joga com duas posições.

"Há um pensamento forte sobre isso. No caso do Brasil, jogamos com duas posições: a aliança com sociais-democratas pelo mundo e a aliança com os países em desenvolvimento, como o BRICS. É um mundo complicado. Temos uma forma muito complicada de organização do poder. As ameaças e os conflitos abertos estão aí. Na Ucrânia, as superpotências se opõem. Ao mesmo tempo, o conflito de Israel engole tudo e mexe com as políticas internas dos países. De fato Gaza é mais perigosa que a Ucrânia nesse sentido", declarou.

Por fim, o ex-chanceler afirmou que a questão do Brasil não é com Israel, mas sim com o governo do premiê Benjamin Netanyahu, e que não acredita que um embaixador brasileiro será enviado ao país em breve, após Frederico Meyer ser redirecionado de posto.
"Nosso problema não é com Israel. É com o governo de Benjamin Netanyahu. Eu não vejo essa possibilidade [de volta de um embaixador]. Mas não há uma decisão tomada formal. Mas não vejo por conta do que ocorreu com Frederico Meyer, que foi uma humilhação. Foi um desejo proposital de humilhar o Brasil", analisou.
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Na visão do ex-chanceler, "o que está ocorrendo hoje é o pior que poderia estar ocorrendo com Israel. Fui para lá em muitas ocasiões. Até [o ex-premiê] Ariel Sharon me recebeu e queria conversar. [O ex-premiê] Ehud Barak também queria negociar, mesmo sendo duro. Hoje há gente em Israel que considera que Netanyahu é mole. Isso é muito dramático. É trágico para os palestinos. Mas muito ruim também para Israel. Há uma quebra dos mínimos padrões diplomáticos. Onde já se viu um ministro de Relações Exteriores xingar um presidente de um outro país?", concluiu Amorim.
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