De acordo com artigo publicado na revista Journal of Archaeological Science: Reports, trata-se do vinho mais antigo conhecido que sobreviveu até os dias de hoje na forma líquida. A sua idade é de aproximadamente 2.000 anos.
A cidade de Carmona, conhecida na antiguidade como Carmo, situava-se na região da Bética, uma das províncias mais importantes do Império Romano. Durante a renovação de uma casa nesta cidade histórica, foi descoberto um túmulo coletivo pertencente à necrópole ocidental do Carmo. Esse sepultamento remonta ao início do século I d.C., continha oito nichos, seis dos quais tinham urnas cinerárias com restos cremados e vários objetos típicos de rituais funerários romanos.
(a), (b) câmara funerária, (c) uma vasilha de vidro na qual os cientistas encontraram vinho, (d) uma caixa de chumbo dentro da qual estava a vasilha de vidro, (e) líquido avermelhado dentro do recipiente
O que tornou essa descoberta excepcional foi a urna no nicho 8. Trata-se de um vaso ossuário de vidro com alças em forma de M que estava dentro de uma caixa oval de chumbo com uma tampa plana. Dentro da vasilha de vidro foi descoberto um líquido avermelhado, presumido como parte do conteúdo original, juntamente com os restos ósseos cremados. Dada a importância simbólica do vinho no mundo romano antigo e sua estreita relação com rituais funerários, cientistas supuseram que esse líquido pudesse ser vinho.
Para confirmar a natureza do líquido, foram realizadas várias análises químicas. Usando o método de Espectrometria de Massa Acoplado a Plasma Indutivo (ICP-MS), os pesquisadores foram capazes de determinar os elementos químicos presentes nos sais minerais do vinho, como potássio, cálcio e magnésio, comuns em vinhos antigos.
A preservação excepcional do vinho em forma líquida é um testemunho das técnicas avançadas de armazenamento e preservação dos romanos, bem como as condições ambientais únicas que permitiram a sua conservação por quase 2.000 anos.