De acordo com o especialista em política externa da Malásia, dr. Zokhri Idris, a necessidade de reforçar as relações econômicas com outros países em desenvolvimento e diversificar as parcerias tem sido alguns dos fatores importantes por trás da escolha da Malásia de se tornar membro do BRICS.
"A Malásia aspira ser um ator global na produção de semicondutores e em produtos e cadeias de fornecimento halal, portanto, precisa de mais países — por meio de configurações multilaterais como o BRICS — para alavancar suas ofertas de produtos", afirmou Idris à Sputnik.
A Malásia desfruta de relações econômicas recompensadoras com o Brasil, a Índia e a China. O comércio entre a Malásia e o Brasil aumentou em 20% em 2020-2022 apesar dos impactos econômicos da pandemia de COVID-19, e com a Índia, em 2022-2023, atingiu a marca de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 108,8 bilhões), resultado que tornou a Malásia o terceiro maior parceiro comercial da Ásia.
Apesar das estatísticas oficiais apontarem que os EUA detêm o maior stock de investimento estrangeiro junto ao país, que integra o Quadro Econômico Indo-Pacífico (IPEF, na sigla em inglês), liderado por Washigton para rivalizar com a influência da China, Pequim tem sido consistentemente classificada como o maior parceiro comercial de Kuala Lumpur desde 2009.
Ainda de acordo com o especialista, o governo de Anwar Ibrahim vinha orientando as políticas externas do país para serem "pragmáticas" para sustentar sua "sobrevivência".
"O foco da sobrevivência da Malásia reside no aumento das suas perspectivas econômicas, devido a um crescimento médio para a sua recuperação pós-pandemia [da COVID-19]", disse.
O especialista afirmou ainda que uma futura adesão ao BRICS poderia possivelmente se traduzir em laços econômicos reforçados com Estados de outros grupos uma vez que a Malásia ainda não explorou todo seu potencial para o comércio exterior.
"A Malásia não esgotou o seu potencial com a Rússia e a África do Sul, que estão entre as razões que a motivam a aderir [ao BRICS]", observou Idris, ressaltando que a oportunidade para expandir o seu alcance econômico no Oriente Médio também estimula sua adesão, "quando a Etiópia, a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e o Irã se juntarem oficialmente [ao grupo] em 2024".