Panorama internacional

'Brasil está decolando': ministro do Turismo Sabino vai à Rússia para promover viagens entre BRICS

A Sputnik Brasil conversou com o ministro do Turismo, Celso Sabino, para saber quais as prioridades do Brasil durante a reunião do BRICS para fomentar o intercâmbio e as viagens entre os países do grupo. O ministro defendeu a promoção de destinos na Amazônia e afirmou que o Brasil é um país seguro para receber turistas estrangeiros.
Sputnik
Nesta sexta-feira (21), ministros do Turismo dos países do BRICS se reuniram em Moscou para debater os desafios do setor, além de temas como sustentabilidade e formação de base de dados conjunta para fomentar o intercâmbio entre os membros.
Representantes de Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos assinaram o Plano de Ação de Cooperação na Área do Turismo do BRICS, cujo objetivo é reforçar iniciativas à digitalização do setor.

"O plano de ação garante cronograma e desenvolvimento consistente para várias áreas […], como a criação de uma plataforma de soluções digitais na esfera do turismo, desenvolver um programa para […] agências de turismo, a iniciativa BRICS Verde para o turismo e diversas iniciativas para impulsionar os contatos empresariais", disse o ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Maksim Reshetnikov.

Além do desenvolvimento de conexões aéreas acessíveis, os ministros debateram a consolidação de regimes de isenção de vistos entre os membros do BRICS — negociação que está "em nível avançado", de acordo com Reshetnikov. Apesar de países como Rússia, África do Sul e Emirados Árabes Unidos não exigirem visto a brasileiros, o procedimento ainda é necessário para visitar China, Etiópia, Egito e Índia.
A delegação brasileira, chefiada pelo ministro do Turismo Celso Sabino, participou da sessão plenária e cumpre agenda oficial em Moscou. Filiado ao União Brasil, Sabino é auditor fiscal e deputado federal pelo estado do Pará, atualmente convocado pelo Executivo para comandar a pasta do Turismo, "que tem ajudado muitas nações a se desenvolver, a produzir empregos e a gerar renda".
Durante o evento, representantes dos países do BRICS debateram temas como o uso de inteligência artificial no setor do turismo, a digitalização do setor de lazer e o turismo sustentável. Sabino revelou sair da reunião com a "sensação de dever cumprido" e preparado para as atividades da presidência brasileira do BRICS, em 2025.
"Vamos aproveitar essa oportunidade da presidência do BRICS para realizar grandes eventos no Brasil, não só com as delegações de Ministério de Turismo, mas também envolvendo agências de viagens, influencers digitais", disse Sabino à Sputnik Brasil.
Segundo o ministro, a reunião do BRICS teve como foco o desenvolvimento sustentável, atendendo à demanda social contemporânea de "grande preocupação com o meio ambiente, […] a manutenção de reservas naturais e a contenção das acentuadas mudanças climáticas".
Ministros do Turismo dos países do BRICS durante reunião do fórum de turismo do BRICS, em Moscou. Rússia, 21 de junho de 2024
O setor de turismo brasileiro tem potencial significativo, "uma reserva maior do que a do pré-sal", considerando "nossas belezas naturais, a nossa belíssima culinária reconhecida internacionalmente, inclusive pela Organização das Nações Unidas [ONU]".

"O Brasil vem vivendo um momento muito especial. Já ultrapassamos os indicadores que tínhamos de turismo pré-pandemia, com turistas dentro do Brasil, viajando dentro do país. Superamos, por exemplo, no setor aéreo, mais de 112 milhões de viagens no ano passado", disse Sabino.

O ministro revelou que, no primeiro quadrimestre de 2024, o número de turistas estrangeiros em solo brasileiro já ultrapassou o registrado em 2014. A expectativa é de que "vamos encerrar o ano de 2024 superando a marca dos 6,4 milhões de turistas estrangeiros com alguma folga".
Dados da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) processados pela Sputnik Brasil demonstram que, apesar dos bons resultados, o potencial de atração de turistas estrangeiros pelo Brasil ainda é subutilizado. Os estrangeiros que mais visitam o Brasil são oriundos da América Latina, com destaque para Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai. A China lidera o ranking dos países fundadores do BRICS, com mais de 200 mil visitas desde 2018, seguida de Rússia, África do Sul e Índia.
Representante da China na reunião de ministros do turismo dos BRICS, em Moscou. Rússia, 21 de junho de 2024
Para melhorar esse quadro, o ministro do Turismo Celso Sabino estabeleceu a meta de atingir 10 milhões de visitas anuais até 2027, contando com o aumento do fluxo não só advindo de países do BRICS, mas também do G20.
"Estamos trabalhando muito, e a nova visão que o mundo passa a ter do Brasil — agora com estabilidade política, com estabilidade econômica, como potência financeira também reconhecida pelo Banco Mundial agora como a nona maior economia do planeta — tem ajudado bastante na visão que os estrangeiros têm para o nosso país", apontou Sabino.
Representante da Etiópia na reunião de ministros do turismo do BRICS, em Moscou. Rússia, 21 de junho de 2024
Os altos índices de criminalidade registrados no Brasil — aliados ao foco garantido a esse tema na mídia internacional — podem afugentar turistas estrangeiros. Dados publicados pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês) nesta semana mostram que o número de homicídios anuais no Brasil se assemelha àqueles de países em situação de guerra civil. No entanto, o ministro do Turismo aponta para uma tendência de melhoria nesse quesito.
“O Brasil foi recentemente reconhecido por uma das maiores seguradoras de viagens do mundo, a Berkshire Hathaway, como o país mais seguro para se fazer turismo em toda a América do Sul, o segundo das Américas e o 15º país mais seguro do mundo para se fazer turismo", notou Sabino. "São importantes dados, o que nos faz ter uma excelente perspectiva para o futuro."
Nos próximos meses, o Brasil receberá uma série de eventos internacionais que podem alavancar o turismo para além dos centros tradicionais, como o Rio de Janeiro.

"Aproveitei a oportunidade [em Moscou] para convidar os ministros do Turismo do BRICS para participar da reunião que faremos sob a presidência brasileira do G20 em Belém, em setembro deste ano", relatou Sabino. "E, no próximo ano, além de presidir o BRICS, o Brasil vai sediar o maior evento sobre mudanças climáticas do planeta, que é a [30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas] COP30, também em Belém do Pará."

Comemorando a abertura do escritório da ONU para assuntos de turismo no Rio de Janeiro, que deverá "ajudar no diálogo para a ampliação das conexões aéreas e […] dos destinos do Brasil de maneira mais eficaz", o ministro brasileiro concluiu: "O Brasil está decolando."
Nos dias 20 e 21 de junho, a Rússia recebeu o fórum de turismo do BRICS, organizado pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico russo em parceria com a prefeitura de Moscou. Além da reunião de ministros do Turismo do BRICS, o evento contou com seminários entre representantes-chave do setor.
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