Estiveram presentes também os ministros Waldez Góes, da Integração e do Desenvolvimento Regional, e Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, além de autoridades locais e dos países vizinhos, como a prefeita de Cárceres, Eliene Liberato Dias (PSB), e o secretário de Obras Públicas do governo autônomo de Santa Cruz, Luis Fernando Terceros.
A iniciativa Rotas de Integração Sul-Americana foi retomada a partir do Consenso de Brasília, assinado pela maioria dos líderes da região em 30 de maio de 2023. Nela estão previstas cinco rotas de ligação do Brasil aos países da América do Sul e ao oceano Pacífico.
O objetivo é, segundo Tebet, facilitar a integração do Brasil com os demais países americanos e ganhar competitividade internacional, ao ter acesso a portos dos vizinhos, diminuindo a distância para o envio de produtos à Ásia.
"Não é possível mais o Brasil ficar de costas para os países da América do Sul e vice-versa."
A ministra detalhou a rota a partir de alguns exemplos, como a importação da azeitona peruana. Para chegar a casas do Mato Grosso, o produto sai do porto de Lima, passa pelo canal do Panamá, desce o litoral brasileiro até o porto de Santos e depois sobe o Brasil pelas rodovias.
Outro exemplo dado por Tebet foi a compra de fertilizantes pelo agronegócio, que obtém o produto de países como Rússia, Canadá, Estados Unidos e Israel em vez de comprá-lo da Bolívia, devido à falta de infraestrutura.
A Rota 3, em especial, visa ligar os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a portos na Bolívia, no Chile e no Peru, como o porto de Chancay. Para as exportações brasileiras para a Ásia, essa será uma grande vantagem competitiva. "O MT e o MS sozinhos produzem um terço dos grãos e carnes do Brasil", afirmou Tebet. "Um terço dessa produção vai para a China e quase 60% para o mundo asiático."
"Quando falamos de rotas de integração, estamos falando de emprego, de renda, de produto mais barato."
Rotas podem estar prontas já em 2027
De acordo com Tebet, as obras de infraestrutura necessárias, como hidrovias, rodovias, pontes, linhas de transmissão e aeroportos, já estão previstas no Orçamento brasileiro, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Já as que devem ser realizadas nos países vizinhos serão financiadas por bancos multilaterais, como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata, no acrônimo em espanhol).
Ao todo serão US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões) disponíveis para os países. Desses, US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) estão disponíveis para municípios e estados brasileiros, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Muitas dessas rotas já possuem muitos trechos completos de ambos os lados, faltando apenas ligações. Isso faz com que muitos desses caminhos já possam estar operacionais em 2027 e completamente entregues em 2028.
"Em quatro anos, todas essas rotas têm condições de já estarem ligando nossos estados à China, à Ásia."