Panorama internacional

Ministério da Defesa da Rússia lança um projeto histórico sobre a Grande Guerra pela Pátria

Baseado em documentos dos arquivos do Ministério da Defesa que retratam as ações heroicas do Exército Vermelho, a Rússia lança um novo projeto multimídia intitulado "O dia mais longo do ano" para marcar o 83º aniversário do início da Grande Guerra pela Pátria.
Sputnik
Os documentos apresentados no projeto foram preparados em 1953 pelo Estado-Maior das Forças Armadas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e não haviam sido divulgados ao público antes.
Entre os materiais publicados estão descrições e análises das ações de combate feitas por comandantes de unidades do Exército Vermelho, além de depoimentos de generais alemães prisioneiros em 1941. Também foram incluídos arquivos pessoais de pilotos soviéticos que realizaram os primeiros ataques aéreos contra aeronaves e veículos terrestres inimigos, extratos de diários de operações de combate e relatórios operacionais dos estados-maiores.
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Memórias do marechal Eremenko

O projeto inclui trechos do manuscrito do marechal Andrei Eremenko, que comandou as tropas da Frente Ocidental de 30 de junho a 2 de julho de 1941.

"Em 22 de junho, às 12 horas, o camarada [Ivan] Smirnov [tenente-general, chefe do Estado-Maior da Frente do Extremo Oriente] me ligou e deu uma notícia chocante. Ele disse: 'Os alemães começaram a bombardear nossas cidades na manhã de 22 de junho.' Depois disso, ficou claro para mim o motivo de eu ser chamado a Moscou", escreveu Eremenko em suas memórias.

Ao chegar a Moscou em 28 de junho, Eremenko soube que seu antecessor, o general do Exército Dmitry Pavlov, comandante das tropas da Frente Ocidental, havia sido destituído devido à derrota completa de uma poderosa formação do Exército Vermelho e à entrega de Minsk ao inimigo. Medidas urgentes precisavam ser tomadas para corrigir a situação na direção central. As tarefas de Eremenko na capital foram estabelecidas pelo Comissário do Povo para a Defesa da URSS, marechal Semion Timoshenko.

"Ele me apresentou a situação, da qual vi que a posição na Frente Ocidental era extremamente difícil. Ele expressou grande descontentamento com [Ivan] Pavlov. Pelo tom da conversa, embora externamente estivesse calmo, senti a preocupação de Timoshenko pelo front. Mas eu ainda não sabia o propósito da minha visita. No final da conversa, ele me informou que eu havia sido nomeado comandante da Frente Ocidental por decisão do governo e imediatamente me entregou a ordem e o certificado", lembrou Eremenko.

Antes da chegada de Eremenko, a Frente Ocidental estava em situação crítica. As tropas da frente conviviam com grandes perdas, a prontidão de combate havia caído drasticamente e o controle dos soldados se perdido. Entre os generais alemães no teatro de operações bélicas de Belarus, Heinz Guderian, conhecido no Terceiro Reich como mestre de batalhas de tanques, teve o maior sucesso.
Ao assumir o comando, Eremenko deu especial atenção à tática do combate aéreo. Para obter a supremacia, ele propôs usar a pequena aviação restante em duas direções da frente alternadamente: na primeira metade do dia na direção de Bobruisk, e na segunda na direção de Borisov. Essa decisão tática posteriormente deu frutos.

"Quanta alegria houve entre a população e as tropas quando os nossos caças enfrentaram seis 'Junkers' sobre Mogilev, cinco dos quais foram abatidos em um minuto na frente de toda a população da cidade. Como resultado dessa tática, em dois dias, 120 aviões inimigos foram destruídos. Foi a primeira derrota significativa infligida ao inimigo. Quando relatei isso a Moscou, me perguntaram novamente ao telefone se eu não estava enganado. O próprio Jukov falou sobre isso, sendo o chefe do Estado-Maior", relatou Eremenko.

Além disso, graças aos esforços de Eremenko, foi organizada a formação de grupos partidários em Belarus. O comando da Frente Ocidental instruía os novos recrutas, que eram armados com rifles, granadas e metralhadoras leves. Nas direções de Bobruisk e Minsk, eles deveriam queimar aviões nos aeródromos inimigos, eliminar pilotos, destruir ferrovias, explodir pontes e depósitos.
Também foram divulgados materiais do Departamento de História Militar do Departamento de Pesquisa Militar do Estado-Maior das Forças Armadas da URSS e do Instituto Superior de Pedagogia Militar Kalinin, com experiências e memórias de outros participantes diretos dos eventos do período inicial da Grande Guerra pela Pátria: o coronel-general Vasily Popov, o tenente-general Grigory Revunenko, os majores-generais Fedor Smekhotvorov, Mikhail Zashibalov e Nikolai Polyansky.
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Heroísmo dos pilotos

Apesar de toda a tragédia dos primeiros dias da Grande Guerra pela Pátria, os soldados e comandantes do Exército Vermelho procuraram manter o espírito de combate, além de excepcional coragem, resistência e abnegação em massa. Nesse tempo difícil, resistindo obstinadamente aos invasores nazistas, realizaram muitos feitos preservados em relatórios e materiais de premiação.
Os pilotos soviéticos mostraram especial heroísmo nos primeiros dias da guerra, quando não apenas destruíam tripulações experientes da Luftwaffe com colisões, mas também derrubavam a arrogância dos demais, que testemunhavam as catástrofes. A maioria dos heróis dessas batalhas morria com seus aviões.
Um deles foi o capitão Aleksandr Avdeev, vice-comandante do 43º Regimento de Aviação de Bombardeiros de Curto Alcance.

"O vice-comandante do 43º Regimento de Aviação de Bombardeiros de Curto Alcance, capitão Avdeev A.N., verdadeiro herói da pátria socialista, em 25 de junho de 1941, durante a destruição das unidades mecanizadas inimigas que haviam rompido na área de Oshmyany, sem se importar com sua vida, destruiu impiedosamente o inimigo com fogo de bombas e metralhadoras. Nesse dia, o camarada Avdeev A.N. morreu heroicamente pela artilharia antiaérea inimiga. Ao ser atingido pelo fogo inimigo, sem possibilidade de levar o avião de volta ao seu território, o capitão Avdeev A.N. intencionalmente colidiu seu avião com um tanque inimigo e o incendiou. Realizou um total de dez missões de combate. Digno de receber o título de herói da União Soviética", diz a folha de premiação de Avdeev.

No dia 22 de junho de 1941, perto do aeródromo de Cherven (a 45 quilômetros da cidade bielorrussa de Lida), o vice-comandante da 1ª Esquadrilha do 127º Regimento de Aviação de Caça, o comissário de batalhão Andrei Danilov, realizou um feito heroico.
No primeiro combate, conseguiu abater um avião alemão. Depois, realizou uma série de novos combates aéreos. Ao repelir um ataque ao aeródromo do 16º Regimento de Aviação de Bombardeiros Rápidos, Danilov, que havia recebido vários ferimentos a bala, colidiu com um Me-110 inimigo e o abateu. Apesar do avião danificado, ele conseguiu pousá-lo perto da vila de Cherven, distrito de Skidel.
Por algum tempo, foi propagado que o comissário Danilov havia morrido. Em 8 de julho de 1941, foi emitido um decreto do Presidium do Soviete Supremo da URSS, concedendo-lhe a Ordem de Lênin, postumamente, que só foi entregue após um longo tratamento hospitalar.
O tenente-coronel Danilov passou por toda a guerra, terminando como comandante de um regimento de aviação. Durante a guerra, realizou 134 missões de combate, abateu nove aviões inimigos individualmente e dois em grupo.
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