De acordo com uma pesquisa de opinião encomendada pelo Financial Times (FT), os eleitores franceses confiam mais no Reagrupamento Nacional, de extrema-direita, do que em qualquer outro partido, para gerir a economia e as finanças públicas, apesar dos seus planos de redução de impostos e despesas não financiadas e da falta de experiência no governo.
As conclusões da pesquisa mostram a difícil batalha que a aliança centrista Renascimento de Emmanuel Macron enfrenta antes das eleições de 30 de junho.
Realizada de 19 a 20 de junho, envolvendo cerca de 2.000 eleitores registrados com 18 anos ou mais, a pesquisa descobriu que 25% dos entrevistados têm mais confiança no partido de Marine Le Pen para tomar as decisões corretas sobre questões econômicas, em comparação com 22% da Nova Frente Popular, de esquerda, e apenas 20% para a aliança de Macron.
Na opinião dos entrevistados, o Reagrupamento Nacional lidera a confiança dos eleitores nos temas de melhoria dos padrões de vida, no combate à inflação e na redução de impostos. Surpreendentemente, também ficou em primeiro na redução do desemprego e na redução do déficit público. Ao que tudo indica, os eleitores parecem dispostos a dar uma chance ao partido de oposição no próximo pleito.
Segundo o pesquisador Mathieu Gallard da Ipsos — realizadora da pesquisa — a estratégia de "normalização" do Reagrupamento Nacional junto ao eleitorado tem sido bem sucedida, mas a dinamica evidenciadas pelos dados também se refere "à desilusão causada pela esquerda sob o presidente François Hollande e depois pelo macronismo, e às dificuldades da esquerda em fornecer uma oposição crível e coerente a Macron".
A pesquisa também constatou que 62% dos entrevistados disseram que o programa do partido de Le Pen não era credível, contra 36% que disseram o contrário.
Ainda de acordo com a apuração, alguns economistas alertam que os planos de governo do Reagrupamento Nacional carecem de propostas sérias de aumento de receitas, o que tem sido utilizado por membros do governo em sua incessante campanha contra seus principais opositores nas urnas.
Em termos de intenções de voto para o primeiro turno, a Ipsos colocou o Reagrupamento Nacional com 35,5%, o Nova Frente Popular com 29,5% e os centristas com 19,5%, em linha com outras pesquisas. Projeções recentes sugerem que a França está caminhando para um Parlamento dividido, mas atribuem ao partido de Le Pen a maior fatia.