Já nesta sexta-feira (28), Milei questionou a demanda do presidente brasileiro — durante a campanha presidencial argentina, Milei chamou Lula de "corrupto" e "comunista".
"Qual é o problema que o chamei de corrupto? Por acaso ele não foi preso por isso? E o que eu disse… Comunista? Por acaso [Lula] não é comunista? Desde quando tenho que pedir perdão por dizer a verdade? Ou estamos tão doentes de correção política que não se pode dizer nada para a esquerda ainda quando for verdade?", indagou Milei em entrevista ao canal La Nación +.
O líder argentino acrescentou que "é preciso se colocar acima dessas insignificâncias, porque são mais importantes os interesses dos argentinos e dos brasileiros do que o ego inflado de algum esquerdinha ['zurdito', em espanhol]", disse, provocando Lula.
Na quarta-feira, Lula disse que só conversaria com Milei quando o argentino pedisse "desculpas" ao Brasil e a ele por ter dito "muita bobagem", conforme noticiado.
"Não falei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele disse muita bobagem, eu só quero que ele peça desculpas", afirmou.
Milei e Lula nunca tiveram uma reunião bilateral desde a posse do argentino, em dezembro. Na ocasião, Lula mandou seu ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representá-lo. Na cerimônia, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), convidado de Milei, sentou-se em um lugar de destaque, ao lado de outros presidentes presentes.
Em abril, Milei enviou uma carta informal por meio de sua chanceler, Diana Mondino, que se encontrou com Vieira em Brasília e propôs um encontro bilateral.
Lula nunca respondeu à carta, e, sendo assim, a Argentina não solicitou uma reunião bilateral com o brasileiro na cúpula do Mercosul, que acontecerá no dia 8 de julho, em Assunção, no Paraguai. Esta será a primeira vez que se encontrarão para discutir questões do bloco comercial.
Os dois chegaram a se cruzar na cúpula do G7, na Itália, mas somente se cumprimentaram e não houve nenhuma conversa bilateral.