Os protestos, marcados por gritos de "Xô, termelétricas", visaram, segundo informações repassadas à Sputnik Brasil, garantir a proteção ambiental do solo, ar e águas na região do Vale do Paraíba. A controvérsia em torno da usina, contestada pelo Ministério Público Federal, por especialistas e pela sociedade civil, persiste, apesar das objeções.
A 3ª Vara Federal de São José dos Campos decidiu manter as audiências públicas, com a próxima sessão agendada para 4 de julho, na mesma cidade.
O projeto em questão propõe a construção de uma termelétrica movida a gás natural com capacidade de 1,74 gigawatt (GW). Especialistas alertam para os potenciais impactos adversos na região, incluindo o uso intensivo de recursos hídricos e emissões significativas de poluentes, que afetariam tanto o meio ambiente quanto a saúde pública.
Juliano Bueno de Araújo, engenheiro e diretor do Instituto Internacional Arayara, expressa preocupação com a segurança hídrica da capital paulistana, argumentando que a termelétrica poderia comprometer seriamente os recursos hídricos de São Paulo. "Uma usina desse porte representa um risco iminente devido ao seu alto consumo de água", ressalta.
Para operar plenamente, estima-se que a usina consumirá até 1,56 milhão de litros de água por dia, proveniente de captações subterrâneas e de um córrego local, em uma região já afetada pela escassez hídrica.
Além dos impactos ambientais, a termelétrica contribuiria significativamente para a emissão de gases de efeito estufa, com projeções apontando até 6 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano — esse valor excede em 2 mil vezes as emissões totais de CO2 de Caçapava entre 2000 e 2022.
Os dados alarmantes foram destacados no relatório "Regressão energética: como a expansão do gás fóssil atrapalha a transição elétrica brasileira rumo à justiça climática", publicado este ano pela Coalizão Energia Limpa. O documento classifica o projeto como um caso emblemático de alto impacto socioambiental e falhas graves no processo de licenciamento.