Segundo o representante brasileiro, a "melhor maneira de fazer isso [deixar o G20 mais perto da população] é tornar as instâncias dos
governos do G20 mais abertas para receber as sugestões dos grupos de engajamento".
Lyrio destacou que uma das principais tarefas foi encontrar uma fórmula que permitisse aos ministros concentrarem-se exclusivamente nos temas de suas áreas de atuação, sem a necessidade de abordar questões geopolíticas, que frequentemente causam discordâncias.
Segundo ele, desde 2022, com o início do
conflito na Ucrânia, a inclusão de temas geopolíticos em declarações ministeriais tem sido um ponto de divergências, impedindo a aprovação de documentos conjuntos.
O embaixador mencionou que a reunião conseguiu
avançar significativamente em áreas como desenvolvimento e acesso a água e saneamento. Dois documentos estão próximos de ser concluídos: um sobre a redução das desigualdades em várias formas (racial, de gênero, socioeconômica, entre outras) e outro sobre a cooperação para ampliar o acesso a serviços básicos.
"Teremos a reunião de ministros do desenvolvimento no Rio de Janeiro, e já temos acordos quase finalizados sobre esses documentos. A inclusão ou não de linguagem geopolítica nesses documentos ainda está sendo resolvida, mas chegamos a um consenso para liberá-los com uma declaração separada da presidência sobre temas geopolíticos", detalhou.
Outra conquista importante, segundo o representante do Brasil no G20, foi a finalização de três documentos fundamentais para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza: o documento de base, os critérios de inclusão dos programas sociais e os termos de adesão dos países. Esses textos, após superarem a pendência de questões geopolíticas, serão divulgados na próxima reunião sobre a Aliança Global.
Pela primeira vez, houve uma interação direta entre representantes governamentais do G20 e grupos de engajamento da sociedade civil, como o W20 (Women/Mulheres 20) e o L20 (Labor/Trabalho 20). Esse diálogo antecipado visa incorporar sugestões da sociedade aos documentos do G20, refletindo melhor os anseios da população.
"O objetivo é que o G20 esteja mais aberto ao diálogo com a sociedade […]. Recebemos demandas diversas, como inteligência artificial, igualdade de gênero e qualidade do trabalho, que serão consideradas nas negociações dos documentos", disse o sherpa.
A reunião dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais no final deste mês deve ser um teste para essa nova fórmula de separação dos temas geopolíticos, adiantou Lyrio durante a coletiva. De acordo com ele, a expectativa é que, sem a inclusão desses temas [da geopolítica], seja possível chegar a uma declaração ministerial consensuada.
Na coletiva, Lyrio adiantou que na reunião de Nova York o tema "Reforma da Governança Global" vai tratar sobre a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU).