A Europa está passando por um "ressurgimento do populismo" porque as pessoas estão "muito insatisfeitas com os governos", como o do chanceler alemão Olaf Scholz e o do presidente francês Emmanuel Macron, afirma Joe Siracusa, cientista político da Universidade Curtin, na Austrália.
De acordo com Siracusa, muitos europeus estão insatisfeitos com a forma como seus líderes estão lidando com o conflito ucraniano, bem como com questões como a crise da cadeia de suprimentos, a imigração e os problemas de custo de vida.
"Há o que chamo de crise de confiança na Europa. Ou seja, as pessoas comuns não têm mais fé em seus governos para fazer o que é correto. Elas têm pouca fé neles", explica ele, e acrescentou que "sem a solução da crise da Ucrânia e sem que a Rússia retome seu papel na Europa, teremos mais disso – uma falta de confiança na liderança".
Enquanto isso, o analista geopolítico Côme Carpentier de Gourdon argumenta que somente líderes europeus como Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, ou Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália, "demonstram alguma força e relativa independência de pontos de vista", e desfrutam de "mais apoio popular no país" em comparação com os outros políticos europeus, considerados "figuras fracas controladas pela burocracia da UE e pelos EUA por meio da OTAN".
"Nas políticas fiscais e financeiras internas, a maioria dos líderes da UE é vista implementando medidas e programas ditados de cima para baixo e que, muitas vezes, não são do interesse dos respetivos países ou da Europa como um todo", observa ele.
Cada país europeu parece estar agora "seguindo um caminho diferente", sugere Gourdon, sublinhando que essa linha política "só pode enfraquecer a impopular UE".
"De qualquer forma, a UE pode não sobreviver em sua forma atual e a OTAN também terá de mudar sua abordagem e seus objetivos", adicionou o analista.