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Marinha e grupo estatal dos Emirados Árabes Unidos realizam 1ª parceria em conjunto (VÍDEO)

A Marinha do Brasil e o EDGE Group inauguraram na terça-feira (4) um espaço com materiais de alta tecnologia para capacitar militares e jovens do entorno em situação de vulnerabilidade social. Segundo analistas, este pode ser o primeiro passo para uma parceria maior entre as Forças Armadas e o grupo de defesa estatal emiradense.
Sputnik
Chamado de Espaço Maker, a unidade está localizada no Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTecCFN) e conta com computadores de alto desempenho, impressoras 3D, kits de robótica, tablets, óculos de realidade virtual e uma conexão de Internet dedicada de alta velocidade.
Segundo o capitão de mar e guerra fuzileiro naval Werner, comandante do CTecCFN, o espaço poderá ser usado tanto por 200 jovens beneficiados pelo Programa Forças no Esporte (Pronesf) quanto pelo pessoal da base em projetos de ciência, tecnologia e inovação, "caracterizando então o uso dual e um legado para a unidade".
"Iniciativas como esta fazem parte dos objetivos estratégicos de responsabilidade social do EDGE Group para além do setor de Defesa", afirmou o grupo em nota oficial.
Para Erick Andrade, doutorando em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), a iniciativa é um "passo importante na cooperação em Defesa entre o conglomerado EDGE Group, as Forças Armadas e a sociedade".
Uma vez que o Brasil "não sofre com ameaças latentes", é necessário desenvolver um "estado de espírito integrado entre a sociedade, as instituições nacionais e os governos".

"A sinergia entre a sociedade e a Base Industrial de Defesa [BID] seria um caminho para sedimentar e impulsionar o desenvolvimento tecnológico-militar no Brasil."

Grupo dos Emirados Árabes Unidos busca maior parceria com Defesa brasileira

Criado em 2019, o EDGE Group reuniu 25 empresas de Defesa dos Emirados Árabes Unidos dentro do guarda-chuva estatal emiradense como forma de renovar a indústria militar do país e consolidar a nação do golfo como um centro global do setor.
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Desde então, o EDGE Group vem estabelecendo parcerias ao redor do mundo e, em especial, com o Brasil. Em setembro de 2023, o conglomerado adquiriu grande parte da companhia brasileira SIATT (sigla para "Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico"), especializada em tecnologia aeroespacial.
De acordo com Andrade, a ideia do EDGE Group é exportar os mísseis da SIATT para o restante da América Latina, aproveitando o custo-benefício para competir no mercado contra os franceses. "Para fomentar a produção em escala, os Emirados Árabes Unidos encomendaram em torno de US$ 350 milhões [R$ 1,35 trihão] em mísseis."
Já em abril deste ano, o EDGE Group adquiriu também 51% da Condor, principal produtora mundial de gás lacrimogêneo e especialista em tecnologias não letais, como munições de borracha, granadas de fumaça e câmeras corporais com reconhecimento facial. "Cabe ressaltar que a companhia não deixará de se caracterizar como empresa estratégica de defesa nacional, pois manterá a governança brasileira", afirma Andrade.
"A estatal também assinou um acordo com outra empresa brasileira de defesa, a Turbomachine, para desenvolver um conjunto de motores, além da empresa brasileira Kryptus, para o desenvolvimento de sistemas cibernéticos", apontou Andrade.
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Os investimentos no Brasil se explicam a partir da estratégia de expansão do grupo estatal, que quer se tornar uma das cinco maiores empresas do setor de Defesa do mundo e vê o Brasil "como um polo estratégico", diz o especialista.
O Brasil é o país com a "mais robusta Base Industrial de Defesa" de toda a América Latina, destaca Andrade. "Além disso, o Brasil não está no foco das principais disputas geopolíticas globais e não enfrenta ameaças militares latentes."

"Todo esse contexto torna o mercado brasileiro relativamente de baixo risco. Além disso, diplomaticamente, o Brasil também se torna atrativo por manter boas relações tanto com países orientais quanto ocidentais."

A aproximação das Forças Armadas brasileiras com o grupo emiradense também é bem-vinda, sublinha o pesquisador, uma vez que ajuda a reduzir a histórica "alta dependência tecnológica do Brasil em relação à Europa e aos Estados Unidos".
"Recentemente, a Alemanha reteve no porto de Hamburgo o primeiro blindado Centauro II que viria ao Brasil para a realização de testes", exemplifica. "Todavia, esta não é a primeira vez que o governo alemão cria empecilhos ao Brasil e sua indústria de defesa", lembra Andrade ao falar do embargo das vendas de blindados Guarani às Filipinas após o Brasil vetar o envio de munições para a Ucrânia.

"A diversificação de parcerias é altamente positiva. Logo, todo este panorama faz com que as Forças Armadas fiquem alertas a essa dependência tecnológica em relação à Europa e aos Estados Unidos."

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