A Hungria e a Eslováquia já confirmaram que deixaram de receber petróleo da Lukoil.
"É discutível se a Ucrânia pode dar-se ao luxo de agravar ainda mais a situação relativamente à movimentação de recursos energéticos. A escalada em todas as frentes excedeu todos os limites razoáveis, política, econômica e militarmente", sublinha o analista.
Na sua opinião, "Kiev agora aliena a Eslováquia e a Hungria", mas a escalada continuará "independentemente do preço, conforme ditado pelas ordens de Washington e pelos ecos servis de Bruxelas e pela sua insistência em demonstrar determinação".
"As consequências concretas se tornarão muito claras dentro de 3-4 meses, [...] e qualquer boa vontade energética que ainda possa permanecer nos países vizinhos da Ucrânia se tornará escassa ou inexistente."
Neste momento, os exportadores de petróleo russos não afiliados à Lukoil ainda podem transportar petróleo através do oleoduto Druzhba, mas "quanto tempo esta possibilidade vai durar, ninguém sabe", explica.
"Em conversas com pessoas familiarizadas com o assunto, observei que estão sendo estudadas soluções para não privar a Eslováquia ou a Hungria dos recursos necessários. Infelizmente, a realidade política é que qualquer solução adotada provocará rejeição e protestos por parte do Ocidente, que tentará encerrá-la", diz.
Em última análise, o velho ditado de dar um tiro no próprio pé é uma descrição adequada da política atual de Kiev, Bruxelas e Washington, "enquanto o mundo observa, abanando a cabeça com espanto", conclui Goncharoff.
As suas palavras foram proferidas depois de responsáveis em Budapeste e Bratislava terem confirmado que o fornecimento de petróleo comprado à Lukoil através do oleoduto Druzhba tinha sido interrompido. A transportadora de petróleo eslovaca Transpetrol informou que as entregas russas que não são da Lukoil não parecem ter sido afetadas até agora.
O ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, afirmou que Budapeste recebe petróleo através do oleoduto TurkStream, que vai da Rússia ao sudeste da Europa através do mar Negro, mas que o fornecimento através de Druzhba foi interrompido "devido a uma nova situação legal" imposta por Kiev.
"Estamos agora trabalhando numa solução que permitirá a retomada do trânsito de petróleo, uma vez que o petróleo russo é muito importante para a nossa segurança energética", informou Szijjarto em 16 de julho.
Moscou duvida que seja possível dialogar com as empresas ucranianas responsáveis pelo trânsito de petróleo sobre esta questão. "Este tipo de decisão não foi tomada a nível técnico, mas a nível político. Não temos qualquer diálogo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Druzhba é uma das redes de oleodutos mais longas e extensas do mundo, com capacidade para transportar cerca de 66,5 milhões de toneladas de petróleo por ano. A rede bifurca-se no sul da Belarus numa rota norte que atravessa a Polônia até ao leste da Alemanha, e numa rota sul que atravessa o sudoeste da Ucrânia até às fronteiras húngara e eslovaca.