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Aliado estratégico: o que há por trás do interesse dos EUA no Quênia?
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Em meio a uma série de protestos devido ao projeto de lei de finanças do presidente queniano, William Ruto — que desistiu do texto após a morte de mais de 20... 19.07.2024, Sputnik Brasil
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Apesar das manifestações e dos confrontos com policiais que fazem uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha, um interesseiro conhecido — os Estados Unidos — tem demonstrado "afetos" pelo Quênia.A nação considerada a maior potência do mundo — com seus dias de poderio contados com a insurgência de um mundo multipolar — sinalizou que o Quênia é um país aliado não OTAN. Mas o que isso quer dizer?Interesse militarA sinalização dos EUA de aproximação amigável do Quênia, declarado um país aliado não membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), traz à tona o que guia o interesse do país norte-americano. Segundo Franco Alencastro, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), "como aliados preferenciais da OTAN, isso permite o acesso do Quênia à compra preferencial de material militar".De acordo com Alencastro, o Quênia pode ser visto como um aliado tradicional dos EUA, sobretudo a partir do final da Guerra Fria. E essa ligação foi fortalecida durante alguns dos governos dos EUA no século XXI."[Como o de] Barack Obama, cujo pai era justamente de origem queniana. O Obama visitou o Quênia em 2015, foi aclamado pela população."Outro fator, segundo ele, foi a Guerra ao Terror, do ex-presidente George Bush (2001–2009), precedida, antes do 11 de Setembro, por um ataque da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) à Embaixada dos EUA em Nairóbi, em 1998."[Isso] Fez com que o Quênia fosse observado com muito interesse pelos Estados Unidos durante o governo Bush, durante a Guerra ao Terror, e fosse considerado um parceiro nessa atuação."O professor explica que o Quênia — assim como muitos outros países da África — é principalmente um exportador de bens primários, vendendo produtos como chá, flores e petróleo, mas que tem apresentado uma economia estável.Essa estabilidade, segundo o pesquisador, "faz com que a economia do Quênia tenha crescido bastante nos últimos anos", com uma média de 5% na última década. Mas com um porém, um aumento do endividamento, "que foi justamente para impulsionar a economia com grandes obras, investimento em infraestrutura, e que neste momento vem cobrando as consequências, porque o governo tem tido dificuldade de equilibrar o orçamento".Sobre a decisão do presidente do Quênia de dissolver quase todo o governo, à exceção do ministro das Relações Exteriores e do vice-presidente, Alencastro aponta que é uma decisão que corrige rumos.
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Aliado estratégico: o que há por trás do interesse dos EUA no Quênia?
20:50 19.07.2024 (atualizado: 21:59 19.07.2024) Especiais
Em meio a uma série de protestos devido ao projeto de lei de finanças do presidente queniano, William Ruto — que desistiu do texto após a morte de mais de 20 pessoas —, o Quênia vive dias intensos.
Apesar das manifestações e dos confrontos com policiais que fazem uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha, um interesseiro conhecido — os Estados Unidos — tem demonstrado "afetos" pelo Quênia.
A nação considerada a maior potência do mundo — com seus dias de poderio contados com a
insurgência de um mundo multipolar — sinalizou que o Quênia é um país aliado não OTAN. Mas o que isso quer dizer?
A sinalização dos EUA de aproximação amigável do Quênia, declarado um país aliado não membro da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), traz à tona o que guia o interesse do país norte-americano. Segundo Franco Alencastro, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), "
como aliados preferenciais da OTAN, isso permite o acesso do Quênia à compra preferencial de material militar".
"Por exemplo […] munições antitanque de urânio empobrecido, entre outros equipamentos militares avançados", explica o especialista em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil.
De acordo com Alencastro, o Quênia pode ser visto como um aliado tradicional dos EUA, sobretudo a partir do final da Guerra Fria. E essa ligação foi fortalecida durante alguns dos governos dos EUA no século XXI.
"[Como o de] Barack Obama, cujo pai era justamente de origem queniana. O Obama visitou o Quênia em 2015, foi aclamado pela população."
Outro fator, segundo ele, foi a Guerra ao Terror, do ex-presidente George Bush (2001–2009), precedida, antes do 11 de Setembro, por um ataque da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) à Embaixada dos EUA em Nairóbi, em 1998.
"[Isso] Fez com que o Quênia fosse observado com muito interesse pelos Estados Unidos durante o governo Bush, durante a Guerra ao Terror, e fosse considerado um parceiro nessa atuação."
O professor explica que o Quênia — assim como muitos outros países da África — é principalmente um exportador de bens primários, vendendo produtos como chá, flores e petróleo, mas que tem apresentado uma economia estável.
"Falando da parte política: na economia, é um país mais estável do que a maioria dos outros países africanos, que pode não parecer atualmente, com esses protestos, mas isso é fruto de um cenário político mais estável no Quênia. Sem guerras, sem grandes guerras civis e movimentações desse tipo."
Essa estabilidade, segundo o pesquisador, "faz com que a economia do Quênia tenha crescido bastante nos últimos anos", com uma média de 5% na última década. Mas com um porém, um aumento do endividamento, "que foi justamente para impulsionar a economia com grandes obras, investimento em infraestrutura, e que neste momento vem cobrando as consequências, porque o governo tem tido dificuldade de equilibrar o orçamento".
Sobre a decisão do presidente do Quênia de dissolver quase todo o governo, à exceção do ministro das Relações Exteriores e do vice-presidente, Alencastro aponta que é uma decisão que corrige rumos.
"Eu creio que ele não demitiu também o ministro de Relações Exteriores para manter alguma estabilidade no campo externo, principalmente aí no seu diálogo com a União Africana, para garantir que a sua relação com os vizinhos continue da maneira que vem seguindo. […] Mas no quadro interno, eu acho que [a mudança] se trata bastante de uma resposta a uma extrema insatisfação da população."
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