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'Ação desesperada': despedida de Biden de sua candidatura chega tarde demais para os democratas?

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no domingo (21) que não buscará mais a reeleição para o cargo, após semanas de pressão, tanto dentro do Partido Democrata quanto fora, para que desistisse da candidatura após sua desastrosa participação no debate com Donald Trump.
Sputnik
"Embora minha intenção fosse buscar a reeleição, acredito que é melhor para o meu partido e para o país que eu me retire da disputa e me dedique ao meu trabalho como presidente pelo resto do meu mandato", relatou o presidente em mensagem compartilhada por ele através de suas redes sociais.
O anúncio, no entanto, ocorre três meses antes da realização das eleições presidenciais nos Estados Unidos contra um Donald Trump fortalecido, após ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato.
Em sua carta, Biden expressou o seu apoio a Kamala Harris — que confirmou suas intenções em concorrer em uma breve mensagem em seu perfil no X — para assumir a nomeação democrata. Figuras relevantes do partido como Bill e Hillary Clinton já manifestaram o seu apoio a atual vice-presidente dos EUA.

Decisão tardia e desesperada

Segundo o mestre em estudos México-Estados Unidos pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Juan Daniel Garay Saldaña, houve acordo entre os membros do Partido Democrata sobre o que mudar na candidatura.
"O Partido Democrata está extremamente preocupado com a possibilidade do ex-presidente [Donald] Trump regressar ao cargo e, claro, vendo a evidente fraqueza de seu candidato [...] é um problema de senilidade muito acentuada, problemas de saúde já muito avançados, típicos da sua idade; se compararmos o Biden de hoje com o de há quatro anos, há uma diferença muito grande", considerou o especialista em entrevista à Sputnik.
"O que estamos vendo é uma ação desesperada por parte do Partido Democrata", garantiu Garay Saldaña.
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O doutor José María Ramos, pesquisador do Colégio da Fronteira Norte, destacou, no mesmo sentido, que essa pressão mostrava a falta de unidade dentro do partido em torno da candidatura de Biden.
Para o internacionalista da UNAM, Carlos Manuel López Alvarado, a retirada de Biden da corrida presidencial foi uma decisão "completamente errônea e tardia".
"Deveria ter sido retirado desde o início de todo esse processo para a campanha presidencial dos Estados Unidos, é um momento tardio [agora], porém, os democratas estão pensando — do meu ponto de vista — não mais em vencer a campanha presidencial, mas em não deixar o Partido Republicano manter as duas câmaras", disse o especialista à Sputnik.

Kamala tem chance de vencer?

Embora Biden tenha manifestado o seu apoio a uma possível candidatura de Harris, o primeiro desafio que a vice-presidente enfrentará é conseguir a ratificação do partido na convenção que será realizada em Chicago de 19 a 22 de agosto.
Para o professor Garay Saldaña, Harris é a "candidata ideal" dada a decisão de Biden de se retirar da corrida presidencial. Por outro lado, garantiu que a decisão do atual presidente norte-americano ocorreu justamente quando o partido está "no limite" de poder reverter os resultados eleitorais.
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"Até o próprio presidente [Joe] Biden deve se distanciar das críticas que têm sido feitas ao seu governo, especialmente na parte econômica, essa parte que tanto preocupa os norte-americanos nas questões de segurança, na questão da liderança global, que é o que o próprio presidente considera ter perdido força e então de certa forma também tem que se distanciar dessas críticas e dos pontos fracos do seu governo", disse o professor.
Ramos destacou ainda que Harris deve conseguir se aproximar dos eleitores indecisos e jovens e apelar aos diferentes grupos sociais que tradicionalmente estão agrupados no Partido Democrata embora a maioria dos jovens discorde da política levada a cabo pelo atual governo no que diz respeito à política externa, como o conflito em Gaza.
O especialista afirmou ainda que a atual vice-presidente dos EUA vai enfrentar o desafio de conseguir uma boa captação de recursos, lembrando que em 2020 Harris foi forçada a abandonar o processo eleitoral democrata devido aos poucos recursos arrecadados.
López Alvarado explicou que "seja Kamala Harris, ou o mencionado nome de Michelle Obama; seja quem for, a realidade é que Trump já ganhou a presidência, [...] a realidade é que [esses nomes] já não têm o poder de competir contra Donald Trump que tem uma campanha sólida; depois do discurso que proferiu na Convenção Republicana, há tantos anos que não se via um marketing político tão magnífico, bem planejado e bem executado como o de Donald Trump".
Para o internacionalista, o objetivo do Partido Democrata agora deve ser evitar que os republicanos tomem o controle de ambas as câmaras do Poder Legislativo, posicionando uma candidatura que "reduza os grandes danos da derrota presidencial".
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