À medida que o norte da Austrália ressurge como um local estrategicamente vital no Indo-Pacífico, em meio às crescentes tensões com a China, forças estadunidenses começaram discretamente a enviar centenas de milhões de dólares para construir instalações a fim de criar suporte para bombardeiros B-52, caças furtivos F-22 e aeronaves de reabastecimento e transporte, escreve a Reuters.
De acordo com a mídia, o movimento faz parte de um esforço maior para distribuir as forças dos EUA pela região e torná-las menos vulneráveis.
Documentos de licitação mostram que salas de briefing de inteligência, pistas de pouso melhoradas para bombardeiros, armazéns, data centers e hangares de manutenção estão em obras. Grandes instalações de armazenamento de combustível já foram construídas, disseram autoridades à Reuters.
"Quando você olha para o posicionamento do norte da Austrália, particularmente Darwin [capital do território norte australiano], em relação à região [...] é sempre bom ter várias opções de onde você gostaria de colocar suas forças em qualquer tipo de crise", disse o coronel Brian Mulvihill, comandante da Força Rotacional de Fuzileiros Navais dos EUA, ouvido pela agência.
O comodoro do ar Ron Tilley, diretor-geral de instalações de capital e infraestrutura da Força Aérea Real Australiana, confirmou que Washington estava pagando pelas instalações em Darwin e Tindal, que dariam suporte às operações dos EUA.
"Não acredito que os EUA gastariam todo esse dinheiro em nossas bases no norte se não houvesse um acordo em vigor onde eles pudessem usar essas instalações que estão financiando em tempos de conflito", acrescentou.
Contudo, a Reuters ressalta que os oficiais de defesa australianos e norte-americanos entrevistados disseram que as novas instalações não devem ser caracterizadas como bases dos EUA.
"Todas as bases permanecerão australianas, mas poderão ser utilizadas por nossos parceiros internacionais", disse Tilley.
No entanto, os projetos, com construção programada para 2024 e 2025, fazem do norte da Austrália o principal local no exterior para gastos com construção da Força Aérea e da Marinha dos EUA, com mais de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão) reservados sob as autorizações de defesa do Congresso norte-americano para esses anos, escreve a mídia.
Há mais por vir: em junho, a Marinha dos EUA buscou empreiteiros para projetos no valor de até US$ 2 bilhões (R$ 11,2 bilhões) para construir cais, pistas, armazenamento de combustível e hangares em lugares como as Ilhas Cocos, na Austrália, e os vizinhos Papua-Nova Guiné e Timor Leste, sob um programa para combater a China.
Um acordo de 2011 com a Austrália para o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA treinar temporariamente em Darwin evoluiu para uma função de dissuasão regional para cerca de dois mil fuzileiros navais a cada ano. Os jogos de guerra deste mês incluíram tropas das Filipinas e Timor Leste.
Segundo a Reuters, os Estados Unidos querem poder dispersar suas forças de suas maiores bases no Pacífico, como Guam e Okinawa, para reduzir a vulnerabilidade.
Camberra se aproximou de seu principal aliado de segurança, Washington, sob o pacto AUKUS para transferir tecnologia de submarino nuclear dos EUA para a Austrália na próxima década. No entanto, tem permanecido em grande parte em silêncio sobre a construção militar dos EUA no norte, escreve a mídia.