Analistas veem oposição 'sem força' após eleições e desvalorizam falas de Boric e Milei
Analistas que acompanharam as eleições na Venezuela no domingo (28), na qual o atual presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor, destacam que o país está calmo e em paz.
SputnikNesta segunda-feira (29), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou Maduro
como presidente reeleito da Venezuela para o período 2025-2031.
Maduro concorreu pela
coalizão governista Gran Polo Patriótico (esquerda) e
obteve 5.150.902 de votos, cerca de 51,20%, enquanto o principal candidato da oposição,
Edmundo González, da
Plataforma Unitária Democrática (PUD, centro), obteve
4.445.978 votos, o
equivalente a 44,2% das intenções.
Especialistas compartilharam sua avaliação com o programa Telescópio após o longo dia eleitoral vivido na Venezuela.
Sistema eleitoral confiável
Confrontada com acusações da oposição alegando fraude, Giordana García Sojo, ex-ministra da Cultura da Venezuela de 2013 a 2017, destacou a blindagem do sistema eleitoral nacional.
"Tem mais de 17 auditorias ao longo do processo, cada auditoria é assinada por todos os setores. É um sistema que foi reconhecido pelo Carter Center e por muitos outros observadores como um dos mais claros, transparentes e confiáveis do mundo. É eletrônico, mas também tem cédula", comentou.
A oposição garantiu, antes de anunciar os resultados pela CNE, que González tinha pelo menos 30 pontos percentuais à frente de Maduro. Esta afirmação foi divulgada pela mídia e até por entidades governamentais estrangeiras, como a da Argentina.
A ministra argentina das Relações Exteriores, Diana Mondino, garantiu nas suas redes sociais, momentos antes da CNE anunciar os resultados oficiais, que Maduro tinha perdido nas urnas: "Perderam em todos os estados por mais de 35%".
Já Sergio Rodríguez Gelfenstein, doutor em estudos políticos e mestre em Relações Internacionais e Globais, além de ex-diretor de relações internacionais da Venezuela, desmentiu quaisquer irregularidades: "Aqui já houve, com as de ontem, 31 eleições. O chavismo ganhou 29, a oposição ganhou duas e 29 eleições foram chamadas de 'fraude' e estão iniciando uma campanha internacional contra a Venezuela, basicamente desde 2015, sob sanções, sob fortes sanções", disse.
Gelfenstein também criticou as acusações de governos estrangeiros que questionam os resultados eleitorais. Mencionou, por exemplo, o caso do governo de Dina Boluarte, que afirmou exercer uma presidência ilegítima.
"A Venezuela construiu a sua própria democracia com base na sua herança histórica, na sua cultura, nas suas tradições. É um modelo que não é melhor que o de ninguém, mas também não é pior; é nosso e foi aprovado em um referendo constitucional em 1999 pela grande maioria da população, então o que [Gabriel] Boric diz ou o que [Javier] Milei diz nos escapa", disse ele.
Já a escritora e pesquisadora María Fernanda Barreto destacou que, semanas antes das eleições na Venezuela, a narrativa de que se estava fabricando uma "fraude" começou a surgir por parte dos grandes conglomerados de comunicação. Ela também mencionou que supostas pesquisas de opinião eram utilizadas como ferramenta de propaganda.
"Esses números ridículos [das sondagens] foram precisamente apresentados para semear na opinião pública mundial a ideia de que a vitória da oposição era iminente e que qualquer
vitória de Nicolás Maduro só seria possível através de fraude", argumentou a analista.
Oposição desarticulada
Por outro lado, os analistas concordaram que, depois das eleições, a oposição ficou desarticulada. Por exemplo, a ex-ministra García Sojo considerou que as correntes contra o atual governo são muito menos fortes atualmente do que em 2019, quando o opositor Juan Guaidó se declarou presidente legítimo da Venezuela.
"O melhor momento deles [da oposição] foi, creio eu, depois da morte do presidente [Hugo] Chávez em 2013, tiveram até uma diferença muito pequena nas eleições com Nicolás Maduro, uma participação grande, Henrique Capriles chegou a 7,2 milhões e Maduro nos 7,5 milhões, a diferença foi curta. Nestas eleições não chegam aos 6 milhões", considerou.
A especialista destacou também que não há apenas uma
deterioração em termos de força de voto, mas também no que diz respeito ao apelo a "
chamados abertamente violentos para atacar o chavismo".
Por sua vez, Gulfenstein alertou que "as ações terroristas e de sabotagem" continuarão no futuro: "Eles não têm programa, não têm programas, não têm propostas, não têm ideia do país, do futuro e eles não têm liderança."
Os desafios de Maduro
O novo mandato do presidente Maduro começará em janeiro do próximo ano. Diante disso, os analistas preveem quais serão os desafios para seu próximo governo.
Fernanda Barreto disse que além de continuar com a resistência, no próximo mandato haverá o desafio de continuar a construir a Revolução Bolivariana e aprofundar o poder popular.
Já Gelenstein disse que o próximo governo deve procurar uma administração mais eficiente, melhorar a produção e distribuição de combustíveis e procurar reforçar o salário mínimo, cujo último aumento foi registado em 2022.
"Embora [essas questões] tenham um impacto muito forte na ação externa, existem grandes possibilidades de serem resolvidas através da inventividade nacional e do esforço nacional", explicou.
Para a ex-ministra García Sojo, há também a necessidade de uma repolitização e reestruturação do chavismo.
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