A raiva foi provocada pela troca polêmica entre o repórter do The Washington Post Cleve Wootson Jr. e a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em que Wootson pediu ao governo federal que "impeça" a disseminação de "desinformação" relacionada à campanha de 2024 e além.
"Acho que a desinformação no Twitter não é apenas um problema de campanha. É uma questão dos EUA. Qual é o papel da Casa Branca ou do presidente para impedir isso, impedir a disseminação disso ou intervir nisso?"
Wootson fez a pergunta em antecipação à entrevista entre Elon Musk e Donald Trump na rede social X na noite de segunda-feira (12), que, segundo informações, acabou obtendo até um bilhão de visualizações combinadas.
"Vocês já nos ouviram falar muitas vezes sobre as responsabilidades que as plataformas de mídia social têm quando se trata de informação errada e desinformação. Não tenho nada para ler aqui sobre as formas específicas com as quais estamos trabalhando. Mas acreditamos que elas têm essa responsabilidade. [...] Acho que é extremamente importante chamar a atenção para isso, como você está fazendo", respondeu Jean-Pierre.
A conversa entre Wootson e Jean-Pierre se espalhou na Internet, com comentaristas lembrando sarcasticamente o slogan oficial do The Washington Post "Democracy Dies in Darkness" (A Democracia Morre nas Trevas), adotado em 2017.
Eles se preocuparam com a aparente solicitação do jornal para que a Casa Branca "cancele a Declaração dos Direitos dos Cidadãos", cuja Cláusula de Liberdade de Imprensa protege a publicação de informações e opiniões, independentemente de seu conteúdo.
"O repórter do The Washington Post pergunta se o governo Biden/Kamala deve permitir que Trump converse com Elon Musk ou se o governo deve bloquear a conversa deles. É aqui que estamos, grande parte da mídia se opõe à liberdade de expressão", lamentou uma pessoa.
A indignação dos críticos do jornal ocorre diante das suspeições de conluio entre o governo dos EUA, a mídia tradicional e as grandes empresas de tecnologia, desde ordens para banir ou restringir a mídia estrangeira (incluindo a Sputnik) até revelações dos Twitter Files, coleção de documentos internos vazados do Twitter sobre a cooperação do governo e das grandes empresas de tecnologia para derrubar histórias e banir usuários em tentativa de controlar a conscientização informativa sobre questões, desde guerras e política até eleições.