"Utilizamos uma câmera digital que foi modificada para captar espectros de luz que não conseguimos enxergar, como o infravermelho e o ultravioleta", explicou Alexandre Leão. "Com o infravermelho, podemos captar imagens daquilo que está abaixo da camada de pintura, como esboços feitos com grafite ou carvão. Com o ultravioleta, é possível observar características na superfície acima da pintura, como uma camada de verniz ou a presença de materiais inorgânicos e orgânicos, como fungos."
"A técnica da imagem científica multiespectral nos ajuda a revelar informações sobre o percurso do 'Livro de horas'. Hoje, temos provas de que o livro esteve na Inglaterra. Em 1538, o rei Henrique VIII baixou um decreto que extinguia o culto a São Tomás Becket e proibia qualquer menção ao Papa. Isso explica os oito apagamentos encontrados no 'Livro de horas' e a retirada de dois fólios", explicou a pesquisadora.