"Em 2017, [...] espiões franceses visaram Durov em uma operação conjunta com os Emirados Árabes Unidos, na qual hackearam seu iPhone", disseram pessoas familiarizadas com o assunto citadas pela mídia.
"A operação de espionagem", de acordo com a publicação, recebeu o codinome de Música Púrpura.
Os serviços secretos franceses estavam extremamente preocupados com a informação de que o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) estaria supostamente usando o Telegram para recrutar combatentes e planejar ataques terroristas.
Um ano depois, Durov teve um almoço com o presidente da França em que também conversaram sobre a concessão da cidadania francesa ao empresário.
"No almoço de 2018, que não foi relatado anteriormente, Macron convidou Durov, nascido na Rússia, a mudar o Telegram para Paris. Durov recusou na época", relata o jornal citando pessoas familiarizadas com a conversa.
Uma fonte próxima a Durov disse ao jornal que, por muitos anos, a empresa ignorou intimações e ordens judiciais enviadas por agências de aplicação da lei.
Supostamente as intimações se acumularam na conta de e-mail da empresa, que, de acordo com a fonte, raramente era verificada. A fonte não especificou de quais países as intimações e ordens judiciais foram enviadas.
O fundador do Telegram Pavel Durov foi detido no Aeroporto de Paris-Le Bourget em 24 de agosto. A Procuradoria de Paris informou posteriormente que Durov foi detido para interrogatório como parte de um caso aberto em 8 de julho contra uma pessoa não identificada por suspeita de 12 delitos.
As autoridades francesas também estão investigando o envolvimento de Pavel Durov e do Telegram em atividades ilegais on-line, incluindo a suposta distribuição de pornografia infantil e tráfico de drogas. Ele também é suspeito de não cooperar com as autoridades.
Ele pode pegar até 20 anos de prisão, de acordo com relatos da imprensa. O prazo de detenção do fundador do Telegram expira em 28 de agosto, às 15h00, horário de Brasília. Até lá, deve ser acusado ou liberado.
A detenção de Durov provocou críticas públicas por todo o mundo. Nesse contexto, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi forçado a se explicar. Ele garantiu que a detenção de Durov não foi uma decisão política e prometeu que a decisão sobre o caso do empresário vai ser tomada por juízes.
A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse à Sputnik que Moscou havia enviado uma nota exigindo acesso consular ao empresário (ele também possui cidadania russa), mas Paris considera sua cidadania francesa como primária.
O fundador do Telegram possui passaportes da Rússia, França, Emirados Árabes Unidos e São Cristóvão e Nevis.