Desde sua ascensão ao topo da chapa presidencial democrata, Kamala Harris tentou parecer simpática à causa palestina enquanto reafirmava seu forte compromisso com o Estado de Israel, duas posturas contraditórias que não podem existir no mesmo lugar ao mesmo tempo.
Por meio de suas ações, Harris e o resto do Partido Democrata mostraram qual dessas duas posturas eles apoiam na prática e qual é apenas retórica vazia. De acordo com a apuração, os EUA têm aumentado as remessas de armas para Israel desde julho. Agosto foi o segundo mês desde outubro em que os EUA enviaram mais remessas de armas para Tel Aviv.
A apuração observa que as armas são oficialmente utilizadas para ajudar Israel a responder aos ataques do Hezbollah no Líbano e a um possível ataque do Irã, mas, como a edição Antiwar.com aponta, elas também estão sendo usadas para massacrar palestinos em Gaza e na Cisjordânia.
Como presidente, Biden tem o poder de encerrar unilateralmente as remessas de armas para Israel sob a Lei Leahy, que proíbe transferências de armas que possam ser usadas para violar direitos humanos.
"Houve relatos no The New York Times mostrando Joe Biden, a portas fechadas, xingando [Benjamin] Netanyahu para sua equipe. E isso não significa nada. É muito parecido com a conversa de 'oh, cessar-fogo agora' na convenção", explicou o apresentador do podcast Left is Dead (A Esquerda está Morta), James Carey, à Sputnik. "Ok, bem, o que poderia facilitar isso? Provavelmente é a grande potência mundial que está enviando as armas para Israel que alimenta essas coisas. São nossos F-16 e F-15 voando sobre a Cisjordânia e o Líbano. Estes são nossos aviões abastecidos com nossas bombas."
"Tudo o que vamos ter é mais linguagem dura e mais demandas vazias por um cessar-fogo porque, obviamente, o Partido Democrata não está disposto a reconhecer uma coisa muito clara para todos que estão assistindo: sem os EUA abastecendo Israel, um cessar-fogo seria muito mais fácil porque [Israel] teria que fazê-lo", afirmou Carey.
Enquanto Biden e Harris supostamente trabalham para garantir um cessar-fogo, os israelenses aumentaram muito suas operações na Cisjordânia, destruindo ruas e demolindo monumentos sob o pretexto de operações antiterroristas. Pelo menos 12 palestinos foram mortos no campo de refugiados de Jenin, incluindo Tawfiq Ahmad Younis Qandil, de 83 anos, que foi baleado por um atirador israelense ao sair de casa. Sua família disse que ele ia comprar mantimentos.
"Acho que estamos vendo a direita de Israel meio que tentando mudar seu tipo de guerra genocida para ambas as áreas. E agora você está vendo ministros israelenses falando sobre, 'ah, bem, vamos ter que evacuar as pessoas das aldeias na Cisjordânia'", explicou Carey. "E você sabe como funciona lá. Você consegue voltar? Quando você consegue voltar? E as chances são, para responder a ambas as perguntas: nunca."
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse que Israel usaria as mesmas táticas que está usando em Gaza, na Cisjordânia. "Devemos lidar com a ameaça assim como lidamos com a infraestrutura terrorista em Gaza, incluindo a evacuação temporária de moradores palestinos e quaisquer medidas necessárias", escreveu.
No sábado (31), Israel cortou o fornecimento de água, eletricidade e Internet para Jenin.
"É simplesmente, como em Gaza, arrasar. Destruir tudo o que puder e garantir que não haja nada para onde voltar", explicou Carey, descrevendo o plano israelense.