De acordo com o South China Morning Post (SCMP), a semana passada será lembrada pela consolidação da posição da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como a política mais poderosa em Bruxelas ao implementar uma grande reforma das funções executivas do bloco, deixando claro que é ela quem dará as ordens.
Após trocas em cargos-chave, von der Leyen sinalizou que o mandato da nova comissão refletirá a segunda metade do último mandato, ou seja, os planos de redução de riscos da UE vão ser impulsionados, e a segurança econômica estará no topo da agenda.
Desta forma, a comissão está explorando maneiras de reprimir empresas chinesas de comércio eletrônico como a Shein e a Temu, enquanto produtos como eletrolisadores de hidrogênio e baterias de lítio também estão na mira dos reguladores, tudo em linha com a promessa da presidente de impor tarifas punitivas sobre veículos elétricos de fabricação chinesa.
Bruxelas poderá impor taxas de até 35,3% sobre os carros elétricos chineses, o que aumenta as tensões comerciais bilaterais com Pequim, que acusa o bloco de protecionismo.
Os líderes da Espanha e da Alemanha se manifestaram publicamente contra as medidas, enquanto a China teria tentado pressionar a capacidade da Europa de coordenar de forma confiável com os EUA a política em relação a Pequim ainda antes das eleições norte-americanas de novembro.
"A mensagem principal [...] é que é importante evitar um conflito, uma guerra comercial", disse a nova comissária de concorrência do bloco, Teresa Ribera, da Espanha, ao Financial Times, em uma linguagem que espelhava a do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez uma semana antes.
As taxas propostas pela comissão são muito menores do que as que os fabricantes chineses de VEs enfrentam nos Estados Unidos e Canadá, onde os governos locais planejam tarifas de 100%.
Apesar de toda a pressão, os lados concordaram em continuar negociando, com a comissão abrindo a porta para um acordo que exigiria a definição de um preço mínimo para as importações de veículos elétricos chineses. Resta saber se von der Leyen obterá sucesso nessa corrida contra o tempo para determinar sua política para a China em seu segundo mandato de cinco anos.