"A tendência é a gente voltar aos patamares, até porque a gente tem um agro absolutamente sólido nas principais cadeias, […] de milho, soja, a própria carne de boi, suínos, algodão", afirma.
"A gente vai ter que aprender a driblar, na medida do possível, esses eventos climáticos graves, para que a gente possa continuar tendo a produção que a gente vem tendo, principalmente na parte de grãos, que é um carro-chefe de muita monta, não só na produção de grãos para exportação, mas de grãos para alimento animal", afirma.
"A gente não imagina o Brasil como uma grande fronteira agrícola, trabalhando dissociado do meio ambiente e o meio ambiente dissociado da produção do agro. Não existe essa possibilidade, mas existe, sim, a necessidade de a gente colocar toda a nossa tecnologia, todo o nosso conhecimento de todos os órgãos municipais, estaduais e federais, para que a gente possa mitigar essa questão […]. A palavra de ordem no agro é produzir mais com menos. Esse é o grande desafio desta próxima década. A gente vai ter que usar menos solo, a gente vai ter que usar menos água, a gente vai ter que usar menos defensivo, a gente vai ter que usar menos e produzir mais."
Safra recorde de 2023 impactou números deste ano
"No entanto essa trajetória de crescimento, ela não é linear. Não é assim, 'Você vai crescer todo ano'. Não é assim que funciona, principalmente porque a gente não pode esquecer que a produção agropecuária está fortemente associada a ciclos biológicos […]", afirma.
"O café, para ter uma boa produtividade, em geral, ele demanda uma temperatura média que não é muito elevada […]. O que nós temos observado, principalmente ao longo do mês de agosto e de uma parte de setembro, é que há ainda uma escassez hídrica forte e temperaturas acima da média. Alguns cafezais, então, já entraram no processo de floração, mas como está acontecendo fora das condições minimamente ideais, provavelmente a planta vai abortar essa floração. Então você vai ter uma produção menor — aquele café vai gerar frutos, a frutinha ali do café, em uma quantidade menor, e também frutos mais irregulares."
"O produtor está se conscientizando cada vez mais de que tem que gerir ou tem que fazer a sua gestão de risco. E um dos riscos que o produtor corre é exatamente o do problema climático: 'Isso pode acontecer, e eu tenho que me proteger.' Da mesma forma que nós fazemos seguro de casa, de carro, enfim, é normal isso", afirma Sirimarco.