Mucio participou da XXI Conferência de Segurança Internacional do Forte, fórum de discussão de autoridades e acadêmicos da América Latina e Europa que visa debater os atuais problemas de segurança enfrentados ao redor do mundo.
Durante a mesa de debates, o ministro enfatizou a necessidade de uma reforma multipolar dos organismos internacionais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), cujos participantes, segundo Mucio, "têm interesses específicos".
"A questão do Conselho de Segurança da ONU tem que ser rediscutida. A participação [e] os interesses são específicos. Nós precisamos ampliar aquilo, democratizar mais as oportunidades e as questões."
O ministro da Defesa destacou também a necessidade de focar naqueles que "trabalham pelo consenso, os negociadores da paz". A fala do ministro vem em meio à apresentação de uma proposta de paz para o conflito ucraniano, feita em conjunto pelo Brasil e pela China.
A Rússia e a Ucrânia estiveram em conversas de paz em 2022, logo após o início da operação especial russa. No entanto, a mando das potências ocidentais, em especial os EUA e o Reino Unido, a Ucrânia se retirou da mesa de negociações. Depois, Vladimir Zelensky proibiu por meio de decreto qualquer tipo de conversa com a Federação da Rússia.
Em junho deste ano, uma cúpula de paz foi organizada na Suíça. Esvaziada pela ausência de diversos líderes regionais e globais como China, Nigéria e Etiópia, somente o lado ucraniano foi convidado. Brasil, Índia, México, Arábia Saudita e África do Sul enviaram representantes, mas não assinaram o documento final.
"Precisamos adequar os organismos internacionais para que eles tenham maior dinâmica nos problemas atuais. A ONU tem procurado pouco os consensos e tem assistido aos dissensos."
Nessa posição, Mucio destacou que a inclusão de mais países nas decisões permitiria um aprofundamento das discussões e, até mesmo, focar os esforços na prevenção dos conflitos, em vez de agir somente após a deflagração das crises.
"Esses dois grandes conflitos [Israel e Gaza, Rússia e Ucrânia] que nós temos no mundo são de questões antigas […]. Não foi um problema recente que fez gerar aquele conflito. Então eu acho que nós precisamos trabalhar mais em um trabalho de prevenção dos conflitos […] para que novos [não] surjam."