Panorama internacional

'Não pode ser ignorada': analista louva proposta sino-brasileira para solucionar conflito na Ucrânia

Em meio à crescente busca por soluções diplomáticas para a crise entre Rússia e Ucrânia, a proposta sino-brasileira de uma conferência internacional de paz tem gerado discussões sobre seu potencial de impacto e viabilidade.
Sputnik
Um grupo de 12 países do Sul Global, capitaneado pela China e pelo Brasil, aderiu nesta sexta-feira (27), após encontro em Nova York, a um comunicado sobre o conflito na Ucrânia.
Tito Lívio, mestre em estudos estratégicos de defesa e segurança e membro pesquisador do Centro de Investigação sobre Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), destacou em entrevista à Sputnik Brasil os principais pontos de atenção e desafios que envolvem a implementação da plataforma "Amigos da Paz" e a atuação dos países do Sul Global nesse contexto.
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Em relação aos mecanismos de monitoramento e avaliação propostos na plataforma, Lívio afirmou que até o momento "não está claro como o monitoramento das atividades será feito".
Ele sugeriu a possibilidade de um sistema semelhante ao que foi aplicado na Turquia no início do conflito entre Rússia e Ucrânia, mas alertou que "será necessário um número maior de países, acordos, e métodos de controle mais robustos para assegurar o cumprimento desse acordo entre as partes beligerantes".

Protagonismo

Sobre o alinhamento da proposta com as diretrizes de política externa da China e do Brasil, Lívio pontuou que essa iniciativa reflete o "crescente protagonismo de novos atores políticos, econômicos e diplomáticos no atual sistema internacional".
Ele observou que países emergentes como Brasil, China, Índia e outros têm uma importância política e estratégica que "não pode ser ignorada por uma estrutura de poder que insiste em se manter imutável desde 1945, que é o Conselho de Segurança da ONU". Segundo o especialista, a proposta sino-brasileira visa democratizar o debate multilateral e incluir novos articuladores nas decisões globais.
Entretanto, os desafios logísticos e operacionais que envolvem a organização de uma conferência internacional de paz pelos países do Sul Global são significativos. Lívio apontou que "haverá um grande desafio político" devido à provável resistência dos países desenvolvidos, especialmente os alinhados à política externa dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Segundo ele, essas nações poderão "se utilizar de sua influência para pressionar seus parceiros comerciais e países dependentes" a não participarem do evento, tornando a conferência inviável, como ocorreu com a "cúpula de paz" realizada na Suíça.
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No que tange aos seis pontos de "consenso" apresentados no documento da proposta, Lívio destacou que ainda será necessário um evento específico para debater resoluções políticas e diplomáticas para o fim do conflito.
Os pontos abordam principalmente "o cumprimento de acordos humanitários e a inibição de maior escalada armada", deixando em aberto questões cruciais, como o destino das cinco regiões reintegradas à Rússia e "a adesão ou renúncia da Ucrânia à OTAN", que ainda precisarão ser debatidas.
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