"O BRICS fala muito em desdolarização, mas é curioso notar que o Banco do BRICS, o Novo Banco de Desenvolvimento, ainda opera essencialmente com dólares. Se não me falha a memória, três quartos das operações do banco são em dólares, e não em moedas nacionais dos países-membros, como se planejava", ponderou.
"[…] O dólar se tornou uma moeda perigosa, pouco confiável, em face do uso que os americanos fazem do dólar como instrumento para sancionar países que eles consideram não amigáveis ou hostis", disse. "Primeiro tem o custo de transação, o uso ao dólar e, segundo, tem o risco político, que é derivado do uso da weaponization, da transformação do dólar e do sistema financeiro ocidental de pagamentos numa arma."
BRICS sob a presidência do Brasil
"O Brasil, como presidente do BRICS em 2025, tem que não só trabalhar nas ideias de sistemas de pagamento, mas também criar um caminho para uma nova moeda de reserva […] Montar um sistema alternativo ao SWIFT, que é o sistema atual de transações e liquidação de transações internacionais."
"É muito importante para o futuro do banco que o próximo presidente seja uma pessoa não só tecnicamente sólida, mas que tenha visão geopolítica do que o novo Banco de Desenvolvimento pretende ser", alertou ele. "Um banco do sul para o sul, de países em desenvolvimento para países em desenvolvimento, com uma nova visão de desenvolvimento e que ofereça uma real alternativa às instituições tradicionais, como o Banco Mundial e outras."
Novos integrantes, novos desafios
"É importante saber como eles entram, em que ritmo, porque a minha preocupação é que possa haver uma expansão desordenada do grupo e o grupo degenerar em um talk shop, numa plataforma de discursos e sem uma real contribuição em termos de iniciativas práticas", alertou.