Panorama internacional

Lavrov à mídia dos EUA: acordos de paz não foram assinados por Zelensky por insistência do Ocidente

Em uma entrevista à Newsweek, o Ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, discorreu sobre o conflito na Ucrânia, o compromisso contínuo da Rússia com uma solução político-diplomática e a mudança geral em direção a uma ordem mundial multipolar.
Sputnik
Restaurar a paz não faz parte do plano da Ucrânia, enquanto seus clientes ocidentais continuam "brincando com fogo", alheios às consequências perigosas, enfatizou Lavrov na entrevista publicada nesta segunda-feira (7).
"[Vladimir] Zelensky não revogou seu decreto proibindo negociações com Moscou. Washington e seus aliados da OTAN fornecem apoio político, militar e financeiro a Kiev para que a guerra continue. Eles estão discutindo autorizar as Forças Armadas ucranianas a usarem mísseis ocidentais de longo alcance para atacar profundamente o território russo", explicou Lavrov.
O chanceler russo enfatizou que o acordo de fevereiro de 2014 foi rasgado pela oposição apoiada pelos Estados Unidos, depois, os acordos de Minsk foram sabotados e posteriormente revelados como nunca tendo sido cumpridos pelos patronos da Ucrânia e, finalmente, os acordos de Istambul de 2022 "não foram assinados por Zelensky por insistência de seus supervisores ocidentais, em particular, o então primeiro-ministro britânico [Boris Johnson]".
Lavrov reiterou os pré-requisitos listados pelo presidente russo Vladimir Putin para um acordo:
retirada completa das forças ucranianas da RPD, RPL e regiões de Zaporozhie e Kherson;
reconhecimento das realidades territoriais consagradas na Constituição russa;
estatuto neutro, não bloco e não nuclear para a Ucrânia; a sua desmilitarização e desnazificação;
garantir os direitos, liberdades e interesses dos cidadãos de língua russa;
remoção de todas as sanções contra a Rússia.
Lavrov também pontuou que, uma vez que os patronos ocidentais da Ucrânia procuram infligir uma "derrota estratégica" à Rússia, "não temos outra escolha senão continuar a nossa operação militar especial até que as ameaças colocadas pela Ucrânia sejam removidas”, sublinhou o ministro, acrescentando que a Rússia "tomará decisões adequadas com base na [sua] compreensão das ameaças colocadas pelo Ocidente".
Ao mesmo tempo, o chanceler afirmou que Moscou acredita que todos os Estados, incluindo os EUA, "devem cumprir suas obrigações em igualdade de condições com os demais, em vez de disfarçar seu niilismo legal com mantras de sua excepcionalidade", destacou.
"Enquanto o Ocidente continuar buscando o domínio, os ideais de paz estabelecidos na Carta das Nações Unidas permanecerão letra morta”, afirmou, acrescentando que as Nações Unidas devem permanecer "um fórum para alinhar os interesses de todos os países".
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Multipolaridade

Lavrov também comentou que tanto a Rússia quanto diversos países "veem como o direito internacional é violado com total impunidade na Faixa de Gaza e no Líbano, da mesma forma que foi violado anteriormente em Kosovo, Iraque, Líbia e muitos outros lugares".
Ao ponderar a mudança em curso em direção a uma ordem mundial multipolar, Lavrov descreveu-a como "uma parte natural do reequilíbrio de poder, que reflete mudanças objetivas na economia, finanças e geopolítica mundiais", observando que o Ocidente "também começou a perceber que este processo é irreversível".
Novos centros de tomada de decisão estão ganhando força no Sul e Leste Global, com associações regionais como o BRICS, a Organização para Cooperação de Xangai (OCX), a União Econômica Eurasiática (UEE), a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a União Africana, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e outras, que "apoiam a cooperação mutuamente benéfica e o respeito pelos interesses uns dos outros", enfatizou Lavrov.
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Eleições nos EUA

Ao analisar o resultado potencial da eleição presidencial dos EUA, Lavrov observou que tanto os democratas quanto os republicanos "chegaram a um consenso quanto ao enfrentamento da Rússia”.
O ministro das Relações Exteriores aconselhou qualquer futuro residente da Casa Branca "a cuidar de seus negócios domésticos, em vez de procurar aventuras a dezenas de milhares de quilômetros de distância das costas americanas".
"Em todo caso, promoveremos os interesses da Rússia de forma decisiva, especialmente no que diz respeito à sua segurança nacional", complementou Sergei Lavrov à revista.
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