"Todos nós sabemos que o futebol é um esporte com muita penetração nas camadas especialmente mais populares, é um esporte muito conhecido e uma paixão nacional. As pessoas mais pobres é que estão gastando mais dinheiro da sua renda familiar com apostas. E essas pessoas também […] têm pouca instrução formal, e nenhuma cultura de economia financeira. Então são presas fáceis para esse tipo de estímulo em jogos de apostas", analisa à Sputnik Brasil.
O que significa o nome 'bet'?
"Agora as apostas não precisam de um lugar físico para elas serem realizadas, elas estão ao alcance da mão de qualquer pessoa que tenha celular. Não há mais aquela dificuldade em apostar, aquele deslocamento físico de ir até um bingo ou uma máquina. O processo é feito pelo smartphone, o que também é uma combinação muito perigosa. No Brasil, existem mais celulares que pessoas. Isso, portanto, é mais uma razão para uma regulamentação mais estrita e que leis sejam criadas para proteger a sociedade e a população desse tipo de comércio", enfatiza.
Quando entra em vigor a lei das bets?
"A aprovação da lei de apostas se deu sob forte influência do lobby das casas de apostas. Essas discussões não foram tornadas públicas de uma maneira muito expressiva. Então o lobby atuou muito. Como esse processo foi feito de uma maneira muito rápida e um pouco às escondidas do público, é claro que se aprovou uma legislação com muitos buracos. E a gente está sentindo e vendo esses buracos agora, com esse espraiamento das apostas, especialmente entre as pessoas mais pobres. Por exemplo, não há nenhuma limitação à propaganda, o que é um absurdo. Os jogos de apostas não são uma mercadoria comum, não são uma mercadoria qualquer, mesmo como a bebida, o fumo, o tabaco, que implicam em riscos que serão suportados pela sociedade. Esse tipo de consumo provoca dependência", destacou o especialista.