O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu nesta sexta-feira (11), e classificou a ação do governo norte-americano como "uma intromissão".
"Eu acho que um pedido de informações dos Estados Unidos é intromissão dos Estados Unidos em uma coisa de outro país. É descabida essa informação", disse Lula em entrevista à rádio CBN/O Povo, de Fortaleza, citada pelo portal Terra.
Lula acrescentou que "não sei a informação que ele está pedindo, também não quero fazer julgamento precipitado. Mas não tem sentido pedir informação de um avião que um país comprou, de um carro que um país comprou".
O processo de compra dos caças foi iniciado no governo Lula, mas foi finalizado por sua sucessora, Dilma Rousseff.
"Eu, na verdade, não tenho conhecimento de como foi comprado o avião. O que eu sei é que a companheira Dilma [Rousseff, ex-presidente] comprou o avião que era o mais econômico, me parece que era o mais barato e custava menos. É um avião de um conjunto de países, é um sueco que tem participação da Inglaterra e de vários outros países", disse Lula.
"Os americanos não gostaram quando eu disse que ia comprar o Rafale, queriam que eu comprasse os aviões deles. E certamente não gostaram quando a Dilma comprou o sueco", afirmou o presidente, segundo o portal.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos solicitou informações de uma subsidiária da Saab sobre a compra de 36 caças Gripen pelo Brasil em 2014, disse a Saab na quinta-feira (11).
Em comunicado, a empresa disse que as investigações das autoridades brasileiras e suecas sobre o processo de aquisição de caças foram encerradas sem indicar nenhuma irregularidade por parte da empresa, mas que vai cooperar com as solicitações feitas pelos EUA.
"Tanto autoridades brasileiras quanto suecas investigaram anteriormente partes do processo de concorrência do Brasil. Essas investigações foram encerradas sem indicar quaisquer irregularidades por parte da Saab […]. A Saab pretende atender à solicitação de fornecimento de informações e cooperar com o Departamento de Justiça neste assunto", disse a empresa sobre as consultas dos EUA, segundo a Reuters.
A concorrência para compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), conhecida como programa FX-2, aconteceu entre 2008 e 2014 e teve a Saab como vencedora. Na ocasião, a norte-americana Boeing também participou da disputa, relembrou o G1.
Em 2016, promotores brasileiros acusaram formalmente Lula – ex-presidente do Brasil na época e agora presidente em exercício – de usar sua influência para ajudar a Saab a vencer a licitação para 36 caças no valor de US$ 5,4 bilhões (R$ 30,2 bilhões). Os advogados de Lula disseram que o caso equivalia a "perseguição política".
O acordo com a Saab também permite que os Gripen sejam produzidos no Brasil no futuro. As primeiras aeronaves já foram entregues ao Brasil e as demais devem ser entregues até 2027.