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Conferências do clima no Azerbaijão e em Belém vão ditar futuro do planeta, defendem especialistas

Com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2024 (COP29) se aproximando, em Baku, no Azerbaijão, especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil durante evento em São Paulo (SP) destacam que é preciso um novo compromisso financeiro global e maior protagonismo dos países na sustentabilidade e na redução de emissões de carbono.
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Também com os olhos voltados para a COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em 2025, as expectativas são altas para que o Brasil, como anfitrião, assuma um papel de liderança e engaje outros países a fortalecerem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês).
Gestor de projeto da Fundação Getulio Vargas (FGV), Guilherme Lefèvre destacou que entre os desafios da conferência em solo azerbaijano está o financiamento climático.
"Desde 2009, os países desenvolvidos se comprometeram a aportar US$ 100 milhões (R$ 565,2 milhões) por ano, um valor que é insuficiente diante das necessidades atuais. Estamos falando de trilhões de dólares anuais para que os países, principalmente os em desenvolvimento, possam atuar efetivamente."
Guilherme Lefèvre, gestor de projeto da Fundação Getulio Vargas (FGV), durante participação na Conferência Brasileira Clima & Carbono, em São Paulo, em 15 de outubro de 2024
Lefèvre apontou ainda a necessidade de discutir um novo objetivo financeiro na COP29, afirmando que "esse novo marco é crucial para atender às demandas emergentes".
O especialista ressaltou, durante a Conferência Brasileira Clima & Carbono, em São Paulo (SP), a importância de que as nações apresentem suas contribuições preliminares, pois "isso permitirá que todos tenham uma visão clara das responsabilidades de cada país".
Por fim, ele reconheceu que o contexto geopolítico também traz desafios: "O momento é conturbado, e as eleições nos Estados Unidos e outros fatores podem influenciar as negociações. Contudo, esperamos que a COP29 seja um espaço para unir esforços em busca de soluções coletivas."

"Embora enfrentem dificuldades, acreditamos que os participantes poderão voltar com boas notícias e avanços concretos nas negociações climáticas."

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Qual o tema central da COP30, no Pará?

O secretário de Meio Ambiente do Pará, Raul Protázio Romão, ressaltou que a urgência do financiamento climático é um dos pontos centrais a serem discutidos na COP30.
Segundo ele, "sem esse financiamento Norte-Sul, a gente não consegue de fato implementar" metas climáticas.
Romão mencionou que muitos países devem divulgar suas novas NDCs entre 12 e 9 meses antes da COP30, o que pode estimular a ambição de outros países.

"Até 2030, para conseguirmos cumprir as nossas ambições, quanto mais demorarmos na implementação, mais cara a conta vai ficar."

Ele também abordou a importância do artigo sexto do Acordo de Paris, que permite a comercialização de compensações de carbono.
Apesar disso ter sido discutido na COP21, ele lamentou que, dez anos depois, o mecanismo ainda não tenha sido operacionalizado. "Temos desafios de operacionalização da governança e padrões."
Segundo o secretário, atualmente apenas 4% do desmatamento no Pará é autorizado, o que significa que a maior parte é considerada ilegal. "Estamos falando de crime, não de novas tecnologias."
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A vice-presidente de Ciência e Tecnologia da Mudança Climática das Nações Unidas, Nathalie Flores, ressaltou o progresso das negociações climáticas durante as recentes conferências em Bonn, na Alemanha, e destacou que as COPs são cruciais para marcos regulatórios que afetem diretamente a implementação de políticas nacionais, como no caso do Brasil.
Segundo ela, "é importante entender que há três Conferências das Partes [nome que dá origem à sigla COP, em inglês]", o que inclui a COP16 de Biodiversidade, em Cali, na Colômbia, entre 21 de outubro e 1º de novembro, e a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD, na sigla em inglês), na Arábia Saudita, de 2 a 13 de dezembro.
Ela defende que essas conferências sejam interconectadas, sendo necessário que cada uma reporte os progressos às demais para garantir a coesão das ações globais.
Vice-presidente de Ciência e Tecnologia da Mudança Climática das Nações Unidas, Nathalie Flores, durante evento que discutiu o setor. São Paulo, 15 de outubro de 2024
A representante das Nações Unidas também mencionou o papel do Brasil nesses eventos, lembrando que ele é de destaque, especialmente no âmbito das convenções do Rio, assinadas em 1992.
"O que acontece agora é que os países precisam unir-se para decidir como o acordo das partes vai funcionar."
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