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Minerais em mãos britânicas: como o lítio argentino virou um problema estratégico para Milei?

A empresa anglo-australiana Rio Tinto, a segunda maior mineradora do mundo, adquiriu vários dos projetos de lítio em desenvolvimento na Argentina, na sequência dos esforços do governo Milei em Londres. Em entrevista à Sputnik, um especialista em energia lamentou que o país perca "minerais estratégicos" para os britânicos e a OTAN.
Sputnik
A aquisição da Arcadium Lithium pela empresa anglo-australiana Rio Tinto coloca nas mãos do capital britânico vários dos projetos de extração de lítio que a Argentina tem atualmente em curso no norte do seu território.
Embora para o governo de Javier Milei a operação signifique "um voto de confiança", alguns analistas alertam que a crescente influência britânica pode ser um problema estratégico para a Argentina.
A operação, que foi confirmada nos primeiros dias de outubro, envolve um investimento total de 6,7 bilhões de dólares da Rio Tinto, empresa de origem britânica com mais de 150 anos de história e considerada a segunda maior mineradora do mundo. Com efeito, o grupo está presente em 35 países e dedica-se à produção de ferro, cobre, alumínio e, a partir desta transação, também de lítio.
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Um risco para a soberania?

No entanto, a transação também reforça o que alguns entendem como uma crescente influência britânica no país, que pode colidir diretamente com a disputa diplomática que Buenos Aires e Londres ainda mantêm sobre a soberania das ilhas Malvinas, reivindicadas pela Argentina, mas ocupadas pelos britânicos desde 1833.

"Esta operação é crítica para aqueles de nós que pensam que recursos estratégicos como minerais críticos, lítio, gás, petróleo e até mesmo areia para fraturamento hidráulico devem ser administrados soberanamente e com um sentimento de pertença nacional", disse à Sputnik o especialista argentino em energia Moisés Solorza.

O especialista acusou Milei de ser "pró-britânico" e de promover uma política "que visa estrangeirizar os recursos e maximizar os rendimentos das empresas britânicas, em linha com o governo invasor das ilhas do Atlântico Sul".
Nesse sentido, Solorza mencionou outros gestos do presidente para com Londres, como ter recebido o ex-premiê britânico Boris Johnson na Casa Rosada ou assinar um acordo com o atual governo britânico que permite a exploração dos recursos pesqueiros nos mares que rodeiam as Malvinas.
"Perder a administração de minerais críticos e outros recursos que o governo pretende exportar, entregando-os de bandeja ao Reino Unido, mas também aos Estados Unidos e à OTAN em geral, é uma combinação muito difícil de digerir", disse Solorza, ex-secretário de Energia da província da Terra do Fogo, Antártica e ilhas do Atlântico Sul.
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