Notícias do Brasil

Fórum no RJ promovido pela Rosatom engaja jovens no debate sobre energia nuclear como fonte limpa

Evento visa desmistificar o debate em torno da energia nuclear, apresentando sua importância como fonte limpa para a transição energética, e lança as bases para a discussão sobre o tema no G20 e na COP30.
Sputnik
Jovens profissionais e estudantes se reuniram nesta segunda-feira (21) na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, para o Fórum Nuclear da Juventude Latino-Americana.
Organizado pela empresa nuclear estatal russa, Rosatom, com apoio da Eletronuclear e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o fórum marca o 70º aniversário da primeira central nuclear no mundo, construída na cidade de Obninsk, na Rússia soviética, em 1954, e tem como objetivo discutir o potencial da ciência e da tecnologia nuclear para os desafios da região.
"Com a energia nuclear ganhando cada vez mais importância para um futuro sustentável, é crucial envolver os jovens, os futuros profissionais da área, em ações e projetos concretos. Assim, podemos acelerar a realização de metas como reduzir a emissão de gases do efeito estufa e desenvolver novas tecnologias. É com grande satisfação que vejo aqui hoje especialistas e profissionais de países como Argentina, Brasil, Bolívia e El Salvador, que já investem ou planejam investir em energia nuclear. A velocidade e a qualidade com que vamos colocar em prática os planos nacionais de energia nuclear dependem diretamente das ações concretas e da cooperação entre esses jovens profissionais", declarou à Sputnik Brasil Ivan Dybov, presidente da Rosatom para a América Latina.
A Sputnik Brasil acompanhou o evento e conversou com especialistas e jovens, provenientes de Brasil, Argentina, Bolívia e El Salvador, que participaram do fórum.
Um dos objetivos do evento é lançar as bases para a discussão do tema da energia nuclear na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), marcada para novembro do próximo ano, em Belém (PA), e na cúpula do G20, prevista para o mês que vem, no Rio de Janeiro.
À Sputnik Brasil, Milena Megre, cientista política e analista em transição energética, afirma que o G20 é um espaço que une países do Norte e Sul Global em torno de diálogos frutíferos e benéficos a todos os países, e que atualmente a agenda climática é comum a todos, com objetivos e ambições em conjunto.

"Quando a gente fala de atingir esses objetivos, a gente tem que falar da matriz energética, de trazer uma matriz limpa, de descarbonizar essa matriz. E a [energia] nuclear entra como uma das fontes de energia que são essenciais para esse processo. Nós temos as renováveis, mas quando a gente traz a nuclear, a gente está falando das energias limpas. E há bastante esse entendimento errôneo de que a nuclear é suja. Sendo que ela é, na verdade, uma das mais limpas, uma das mais seguras também", afirma.

Ela sublinha a necessidade de desmistificar o debate em torno da energia nuclear, trazendo informação de alto nível para que seja possível "atingir esses objetivos e o desenvolvimento sustentável em conjunto da agenda climática".

"E a presidência brasileira [no G20], [com] a gente tendo 40 anos de expertise em nuclear, energia confiável, energia de qualidade, a gente consegue também liderar esse debate no G20 e em outras frentes."

Astrid Aguilera Cazalbón, coordenadora de projetos do Observatório Latino-Americano da Geopolítica Energética, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), ressalta que o evento na CNEN concede aos jovens a oportunidade de participar de "um tema super importante para a atualidade, que é a questão nuclear".

"Não apenas na questão energética, mas também nas suas diversas aplicações na indústria, no setor agro, no setor alimentício. A gente está preparando essa juventude, esses jovens que chegaram desses países e os brasileiros, para poder ter uma discussão mais enriquecida, para a gente estar preparado para as cúpulas do ano que vem, porque a gente vai ter a presidência do Brasil no BRICS ano que vem e também vai sediar a COP30 aqui [no Brasil], na cidade de Belém."

Panorama internacional
Bolívia recebe componentes para reator de pesquisa nuclear instalado pela Rússia (FOTOS)
Ela afirma que o tema da energia nuclear atualmente na América Latina "está muito subdesenvolvido em comparação com outras regiões do mundo" e que o evento desta segunda-feira visa mudar esse cenário.

"A gente é uma área que tem muito conteúdo local — tanto o Brasil quanto a Argentina tem indústria da área nuclear —, e a gente precisa realmente desenvolver essas indústrias, precisa garantir, por exemplo, segurança energética, segurança alimentar, precisa garantir também a questão que se usa para medicina, para melhorar infraestrutura hospitalar com energia nuclear ou com tecnologias nucleares. Então acreditamos que isso vai contribuir muito para o futuro da nossa região."

Ignácio Villarroya e Ignácio Costa, que participaram do evento pela Organización Jovenes por el Clima, da Argentina, frisam a importância de os países sul-americanos avançarem no setor de energia nuclear, e equiparam-no a uma questão de soberania nacional.

"Porque a energia nuclear é igual à soberania nacional, precisamos de mais soberania, mais ciência, e Argentina, Brasil e todos os países da América do Sul temos que demonstrar ao mundo que podemos, com a nossa própria ciência, com a nossa própria tecnologia, avançar na zona de construção", afirma Costa.

Villarroya acrescenta que a energia nuclear é muito importante para os países em desenvolvimento, e também para a transição energética, pois "sempre gera energia apesar das condições climáticas".
"As energias renováveis não produzem energia constantemente, então sua combinação é a melhor para assegurar uma matriz energética não só limpa e sustentável, mas também segura, barata e existente", afirma.
O evento culmina em uma visita, na próxima terça-feira (22), à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), complexo formado pelo conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção).
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Comentar