Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Dendrochronologia.
Ao estudar os processos de um passado distante, muitas vezes é difícil para os cientistas entenderem a sequência em que os eventos ocorreram.
O principal problema é relacionar com precisão eventos naturais e sociais, quer a extinção de uma civilização antiga ou uma catástrofe, a datas absolutas.
As erupções vulcânicas, cujas consequências tiveram uma escala global, podem servir como os marcadores de tempo com os quais se possa relacionar diferentes tipos de cronologias.
Para o estudo, a equipe de cientistas escolheu as três maiores erupções vulcânicas dos últimos dez mil anos:
1.
O vulcão Ilyinsky na península de Kamchatka, Rússia (8.500 anos atrás);2.
O vulcão Mazama no estado de Oregon, Estados Unidos (7.600 anos atrás);3.
O vulcão Kikai nas ilhas japonesas (7.300 anos atrás).Os vulcanólogos estimam que o volume de substância ejetada pelos dois primeiros foi de cerca de 150 quilômetros cúbicos, enquanto a massa ejetada pelo Kikai chegou a 300-450 quilômetros cúbicos.
"Isso é várias vezes mais do que o volume de erupção de qualquer um dos vulcões subsequentes, incluindo a erupção mais poderosa de Tambora em 1815", disse Rashit Khantemirov, um dos pesquisadores.
Ele acrescentou que três picos muito altos de teor de sulfato foram encontrados nas camadas das geleiras da Groenlândia e da Antártica da mesma época.
Os cientistas supõem que esses são vestígios das três erupções listadas.
Quando estudada a madeira petrificada de Yamal, os cientistas encontraram "algum evento catastrófico que causou uma redução drástica no crescimento das árvores e na formação de anéis anuais anormais".
"O evento ocorreu em 5279 a.C. e as condições severas continuaram depois disso por pelo menos mais cinco anos. Essa situação é muito semelhante ao padrão que os dendrocronologistas identificaram em outras grandes erupções vulcânicas. Com um alto grau de confiabilidade, podemos presumir que esses anéis anormais surgiram como resultado da erupção do vulcão Kikai", acrescentou o cientista.
Como observam os especialistas, se essa suposição sobre a data da erupção do Kikai estiver correta, será necessário fazer uma correção significativa na cronologia das camadas das geleiras da Groenlândia e da Antártica.
Os cientistas ressaltam que isso pode mudar a percepção da mudança climática e do ambiente natural.