"[Rússia e China] fazem, portanto, um papel alternativo às estruturas hegemônicas de poder centradas em Washington e que são heranças do final da Segunda Guerra Mundial, como o predomínio, a ascendência sobre o sistema ONU [Organização das Nações Unidas], sistema Bretton Woods, G7, OCDE e demais mecanismos que têm funcionado como uma pavimentação da hegemonia estadunidense", explica.
"É importante a gente ressaltar que essa visão que desafia a estrutura de poder ocidental compartilha muito mais um caráter reformista, ao buscar por uma nova ordem mundial mais multipolar, do que necessariamente disruptiva. Na realidade, ao analisarmos as declarações dos próprios líderes do BRICS, nós vamos perceber que eles enxergam muito mais a organização e o grupo como uma defesa do multilateralismo do que como um agente anti-Ocidente", argumenta.
"E, para isso, eu acho que o BRICS teria que focar em áreas específicas, como no comércio, nas finanças, no desenvolvimento sustentável. Ou seja, sem perder o seu ethos [caráter] econômico, mas também sem abrir mão das suas prerrogativas políticas mais amplas. E aqui, eu acho que cabe mencionar, uma linha interessante que vem sendo adotada pelo Brasil, que tem defendido a pauta necessária da reforma da ONU e de demais instituições multilaterais, ao mesmo tempo que também acena para a desdolarização intrabloco", afirma o especialista.